Miguel Leme, Diretor da Apeoesp pela Oposição Alternativa – 11 de fevereiro de 2010
Conclat marcado para 5 e 6 de junho em Santos
O Seminário Nacional sobre Reorganização realizado nos dias 1 e 2 de novembro de 2009, em São Paulo, representou um passo importante no processo de construção da Nova Central. Não è nenhum exagero afirmar que a sua realização foi uma vitória da classe trabalhadora brasileira.
Este seminário aprovou por unanimidade a realização de um Congresso Unitário da Classe Trabalhadora (Conclat) para 5 e 6 de junho deste ano, em Santos – SP, com a tarefa de fundar uma Nova Central. Os delegados para este congresso serão eleitos na base do movimento sindical e popular.
Além disso, foi aprovada a realização de uma Plenária da Reorganização durante o Fórum Social Mundial, na cidade de Salvador, Bahia.
Nesta Plenária, será debatido e deliberado por todos os setores envolvidos no processo de reorganização, um plano de ação para a juventude e a classe trabalhadora.
Coordenação Pró-Central
Para a organização deste Congresso foi formada uma Coordenação Pró-Central com a participação de todos os setores envolvidos no processo de Reorganização.
É responsabilidade desta Coordenação, e em particular da Conlutas e Intersindical fazer com que não haja qualquer tipo de recuo ou retrocesso em relação à formação desta nova ferramenta.
Durante o Seminário Nacional, todas as intervenções apontaram que a unidade do conjunto da esquerda é fundamental para acabar com a fragmentação existente hoje.
É uma necessidade histórica da classe trabalhadora, a construção desta nova ferramenta. A esquerda combativa e socialista não tem o direito, mesmo com todas as diferenças, de colocar em risco a construção desse novo instrumento. Se não houver acordo em temas fundamentais, houve um compromisso de todos os setores envolvidos no processo de reorganização, em respeitar as deliberações da base do Congresso Unitário.
A formação de uma Nova Central poderá ter um impacto profundo junto à vanguarda e se constituir num prazo muito curto como um pólo de atração e uma alternativa real de luta para a massa dos trabalhadores.
Ferramenta necessária na atual conjuntura
A construção dessa ferramenta se faz mais necessária na atual conjuntura. Vivemos um momento em que o governo Lula goza de muita popularidade junto à população devido às diversas políticas assistencialistas. Conseguiu cooptar todo o movimento sindical, e em particular a CUT, para a implementação de políticas neoliberais que atacam os trabalhadores.
Conlutas reafirma compromisso com a Nova Central
A última reunião da Coordenação Nacional da Conlutas, realizada de 11 a 13 de dezembro de 2009, em Belo Horizonte – MG, reafirmou de forma correta, o compromisso da Conlutas em construir uma Nova Central junto com a Intersindical e demais setores. Foi aprovado que nos dias 3 e 4 de junho, será realizado em Santos-SP, o seu último Congresso. Essa reunião reafirmou também deliberações anteriores da Conlutas sobre temas fundamentais que serão debatidos no Congresso de Unificação, como a defesa do caráter sindical e popular da Nova Central e uma estrutura de direção baseada na representação das entidades.
O exemplo mais recente foi o apoio da maioria das centrais sindicais, à exceção da Conlutas e Intersindical, à proposta do governo Lula de criar o chamado fator 85/95.
Este novo mecanismo é um ataque, pois começa a instituir uma idade mínima para a aposentadoria dos trabalhadores do setor privado. A aposentadoria integral seria tão somente garantida aos que somando a idade mais o tempo de contribuição atinjam 95 anos (homens) e 85 anos (mulheres).
As grandes centrais sindicais estão cada vez mais atreladas ao governo não só porque concordam com sua política, como também estão cada vez mais dependentes financeiramente do imposto sindical.
Segundo dados do próprio Ministério do Trabalho, de janeiro a junho do ano passado, foram repassados 74 milhões de reais às centrais sindicais, recursos oriundos do chamado imposto sindical. A principal beneficiária foi a CUT.
A LSR defende uma Nova Central com caráter Sindical e Popular
A LSR e os demais setores que compõe o Bloco de Resistência Socialista têm participado de forma ativa do processo de reorganização sindical e popular. Desde o primeiro o momento, temos defendido o caráter sindical e popular da Nova Central por permitir um grau de unidade mais orgânico para fazer o enfrentamento necessário contra os ataques de patrões e governos.
Na Nova Central participariam não só os trabalhadores, mas a juventude, os movimentos de opressão e o movimento popular. A defesa do caráter sindical e popular não significa qualquer tipo de concessão à idéia de perda da centralidade da classe trabalhadora como sujeito histórico do processo de transformação.
Mesmo tendo esta concepção, se a base do Congresso Unitário tiver posicionamento diferente, nós da LSR e do Bloco de Resistência Socialista acataremos essa deliberação e construiremos com entusiasmo a Nova Central.
Além da natureza sindical e popular, nós da LSR entendemos que a Nova Central deve romper com a luta meramente economicista e corporativa, tão característica do movimento sindical; e desenvolver uma luta estratégica em defesa do socialismo. Deve construir a solidariedade internacional, ser independentes de patrões e radicalizar em sua democracia interna.