Na última segunda-feira, dia 25, durante uma manifestação pacífica, em frente à Sala São Paulo onde ocorria a posse do novo Reitor da USP, a policia militar agrediu cerca de 40 manifestantes, utilizando bombas de estilhaços e espancando estudantes; três deles foram presos e levados algemados para a delegacia.
O DCE da USP esteve presente neste ato unificado com a Frente de Luta Contra o Aumento da Passagem, que visava questionar não só a falta de democracia na universidade, como também o aumento da tarifa dos ônibus para R$ 2,70 e o descaso do governo com a situação alarmante das enchentes.
A gestão “Pra transformar o tédio em melodia” do Diretório Central dos Estudantes da USP – DCE-Livre Alexandre Vannucchi Leme – manifesta total repúdio à ação truculenta protagonizada pela Polícia Militar ao bater em estudantes que se manifestavam na entrada do prédio e deter três deles.
Nota de repúdio à ação da PM e à prisão de estudantes durante a posse de João Grandino Rodas
A gestão “Pra transformar o tédio em melodia” do Diretório Central dos Estudantes da USP – DCE-Livre Alexandre Vannucchi Leme – manifesta total repúdio à ação truculenta protagonizada pela Polícia Militar (PM) durante a última segunda-feira, dia 25, na frente da Sala São Paulo ao bater em estudantes que se manifestavam na entrada do prédio e deter três deles.
O DCE da USP esteve presente no ato unificado com a Frente de Luta Contra o Aumento da Passagem, que visava questionar não só a falta de democracia na universidade, como também o aumento da tarifa dos ônibus para R$ 2,70 e o descaso do governo com a situação cada dia mais alarmante das dezenas de enchentes e perdas de casas de muitas famílias. Na companhia de Kassab, de representantes do governo estadual e de muitos seguranças, Rodas tomou posse, afirmando estar aberto ao diálogo com todas as categorias da universidade, enquanto, em frente à sala São Paulo, onde ocorria a cerimônia, a policia agredia cerca de 40 manifestantes que seguravam faixas e cartazes, numa manifestação pacifica. De maneira bastante descabida, a polícia militar utilizou bombas de estilhaços, e chegou a espancar estudantes. Três deles foram presos e levados algemados para a delegacia.
Em 2007, Rodas não hesitou em autorizar a Tropa de Choque a retirar com brutalidade manifestantes que ocupavam o prédio da Faculdade de Direito; em 2008, não deixou de propor um parecer ao Conselho Universitário (que o aprovou) que permite a PM entrar no campus sem debate prévio, permitindo que ocorresse a invasão da Força Tática em 9 de junho de 2009 no campus Butantã. Agora, novamente a violência policial se colocou em ação para resguardar a coroação de Rodas.
O processo de escolha do Reitor e a falta de democracia na USP
Por conhecer o histórico de violação aos direitos humanos e de autoritarismo de Rodas, os estudantes, em 2009, realizaram mobilizações no período da escolha de reitor, denunciando a falta de democracia na universidade e apontando Rodas como símbolo de um modelo excludente de universidade e de sociedade, defensor da oligárquica estrutura de poder da USP, na qual as decisões são tomadas nos mesmos formatos em que funcionavam durante a ditadura militar.
Entre os professores que participaram da escolha do reitor, João Grandino Rodas também não era o mais popular. Rodas obteve apenas 104 votos no segundo turno, ficando em segundo lugar até mesmo na preferência da pequena oligarquia de professores com poder de voto. No entanto, Serra o nomeou reitor, fazendo algo que não se via desde os tempos de Maluf governador: deixar de homologar o primeiro nome da lista tríplice encaminhada pela universidade. Os jornais noticiaram a proximidade política entre Rodas e Serra, explicitando o porque da preferência de Serra e seu interesse em ter um aliado na direção da maior Universidade do país em um ano eleitoral.
A violência Estatal e a criminalização dos protestos e da pobreza
Mas não são apenas estudantes que tem testemunhado a ação coercitiva do Estado. Nos últimos dias, atingidos por enchentes causadas pelo péssimo planejamento urbano da cidade de São Paulo, que relega o povo pobre literalmente à merda, moradores de comunidades carentes tem se mobilizado para reivindicar um direito básico, que é o da moradia digna. A esses, como se não bastasse a violência das chuvas, do esgoto entrando em suas casas e das remoções que tem deixado centenas de famílias na rua, ainda são agredidos pelas forças policiais quando saem às ruas para reivindicar dignidade. Moradores do Jardim Lucélia, das Favelas XIX e XX, do Grajaú, do Jardim Toca, do Parque Cocaia, do Jardim Pantanal, da Vila Nascente e outras são hoje o retrato de anos do que a política tucana produziu no estado de São Paulo: crescimento desenfreado da especulação imobiliária, aumento da pobreza e da favelização, aumento da pressão para afastamento das favelas, piora nas condições de vida e criminalização desses que perderam mais do que seus meios de sobrevivência, mas sua dignidade.
Façamos alguns questionamentos ao prefeito e ao governador:
Por que estão violando o direito de ir e vir de mais de 11 milhões de paulistanos com uma tarifa de transporte que restringe o acesso dos mais pobres ao transporte público?
Por que estão violando o direito de ir e vir de suas casas de centenas de famílias de moradores das favelas atingidas pelo esgoto, que só estão nessa situação por falta de uma política habitacional popular e de uma opção política de fechar as barragens da Penha para evitar o alagamento das marginais, onde se constrói uma obra do governo estadual*?
*http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/12/17/ult5772u6678.jhtm