Karol Assunção *
Adital –
Preocupados com a situação do Haiti após o terremoto que atingiu o país na semana passada, entidades e organizações do mundo inteiro oferecem ajuda ao país caribenho. No Brasil, mais de 23 organizações sociais se reuniram, no início desta semana, para formar a Frente Nacional de Solidariedade com o Povo Haitiano.
De acordo com Rosilene Wansetto, membro do Jubileu Sul Brasil, o objetivo da Frente é chamar e sensibilizar a sociedade brasileira para ajudar o país. Água, alimentos, roupas, calçados e utensílios de primeiros socorros são alguns exemplos de materiais que o Haiti precisa com urgência.
No entanto, Rosilene alerta que o país também necessita de ajuda financeira para a reconstrução das regiões destruídas. De acordo com ela, a ideia da Frente é conseguir recursos para enviar brigadas que contribuam na reestruturação do local, como na construção de casas, hospitais e escolas.
Segundo Rosilene, agora, a Frente trabalha na divulgação de duas cartas. Na primeira, destaca o apoio ao povo haitiano e às organizações sociais do país e comunica a construção da Frente Nacional de Solidariedade com o Povo Haitiano. Na segunda carta, chama a responsabilidade de governos e comunidade internacional com o Haiti, solicitando a ajuda na reconstrução do país e na restituição da soberania do povo.
Além disso, as organizações que compõem a Frente denunciam a violação dos direitos humanos e a ocupação militar no país caribenho. “O Haiti não precisa de soldados, precisa de ajuda para reconstruir o país”, considera Rosilene. Na opinião dela, as tropas militares, em um primeiro momento, até ajudaram no resgate das vítimas do terremoto, mas, passada essa fase, não vão contribuir para a reconstrução do país.
Para ela, o Haiti não precisa de ajuda militar, e sim de especialistas que ajudem efetivamente na reestruturação do local, como engenheiros, arquitetos, médicos e professores. “Soldado não tem especialidade. A especialidade de soldado é a guerra”, desabafa.
Rosilene ressalta ainda a luta da Frente pelo cancelamento das dívidas do Haiti – as quais, segundo ela, comprometem mais de 70% da renda do país – e pela ajuda vinda de outros países. Para ela, é importante que o dinheiro oferecido pelos Estados para a reconstrução do Haiti não se transforme em dívida e nem levem à privatização dos serviços públicos. “[Queremos] que a ajuda não se torne dívida e vá para o Haiti sem condicionalidades”, afirma.
* Jornalista da Adital