Por Edilson Silva – Da Executiva Nacional e Presidente Estadual do PSOL de Pernambuco.
Artigo originalmente publicado no site do PSOL/PE em 10/12/2009 - www.psolpe.org.br
O debate sobre a sucessão presidencial de 2010 ganhou tons verdes com a entrada em cena da pré-candidatura presidencial de Marina Silva. É inegável que a senadora acreana apresenta-se com potencial para impor-se contra a tentativa de polarização conservadora entre os campos capitaneados pelo PT e PSDB, podendo liderar nesta corrida presidencial um conjunto de forças verdadeiramente progressistas em relação ao quadro atual.
No entanto, para estar à altura desta liderança, Marina Silva precisa completar uma travessia que teve início quando se exonerou do ministério do Meio Ambiente do governo Lula e teve sequência quando esta se desvinculou do PT. Falta agora um terceiro e decisivo movimento: romper de fato com a velha política e com a doutrina econômica e imoral edificada na era FHC/Lula. Não completar este movimento dará razão aos que lhe rotulam de candidatura monotemática, logo, inconseqüente.
Esta incompletude deixaria nítida a incapacidade da candidatura de Marina Silva em perceber que a crise ambiental que atravessamos articula-se decisivamente com um dado modelo econômico, que por sua vez relaciona-se diretamente com uma crise moral, subproduto inevitável da hegemonia ideológica neoliberal dos últimos tempos. Ortodoxia liberal, corrupção e destruição da natureza andam de mãos dadas e alimentam-se mutuamente. Sem ética não há como salvar o planeta.
O PSOL está apostando que Marina Silva completará este movimento. Em recente reunião de seu Diretório Nacional o PSOL aprovou com folga a intensificação de um diálogo com Marina Silva em torno de pontos programáticos que dêem materialidade a uma campanha que apresente ao povo brasileiro mais que intenções ecológicas.
Para o PSOL, desenvolvimento econômico e social ambientalmente sustentável é incompatível com concentração de riqueza e poder. Somente numa economia solidária, e não predatória, é que se pode basear uma sociedade também solidária e com uma cultura ética distinta desta que vivenciamos, em que agentes públicos que deveriam zelar pela proteção à natureza são vítimas fáceis do poder econômico.
Se não for além da afirmação, absolutamente compreensível, de que a estabilidade econômica alcançada a partir do plano Real, com FHC, ou os programas sociais de Lula são importantes, Marina Silva estará condenada a ser uma coadjuvante bastante simpática no processo eleitoral, e só isto. As recentes pesquisas de opinião divulgadas dão este claro recado.
O Brasil quer e precisa de mais: reforma agrária, fim da farra dos banqueiros com dinheiro público, combate sem tréguas à corrupção e defesa de um estado democrático de fato. A palavra está com Marina Silva e seu novo PV.
* Membro da Executiva Nacional do PSOL e presidente do PSOL/PE