Por Leandro Cortiz – Militante do Núcleo Saúde – PSOL SP
O que temos de entender com o novo fenômeno inventado pela política nacional, Marina Silva.
Estudando um pouco a obra máxima de Mezsaros , “Para Além do Capital” tive contato com sua teoria da luta parcial, que versa da impossibilidade de êxito de lutas sociais com questões únicas. Surgiu desta teoria o espectro do que realmente entende-se por essa novidade antiga que é Marina Silva para os quadros políticos.
Para entendermos por que a novidade não é tão nova assim, temos de voltar à década de noventa do século XX, mais especificamente a Europa continental. Corolário das negociatas em torno do protocolo de Kyoto e subseqüente Rio-92 , aconteceu nesse período histórico, um recrudescimento dos políticos verdes no âmbito eleitoral europeu. Com a mídia fazendo seu papel eterno de desinformação, usando o prisma do ambientalismo como a única contenda válida a ser lutada pela sociedade civil à época, políticos capitalistas se aproveitaram dessa oportunidade e vestiram a camisa “verde” com único intuito de arrebanhar votos mais facilmente. Fenômeno notado na Alemanha, Suécia, França, Bulgária, etc. Somada a essa pressão midiatica , surge a lacuna de paradigma social advindo da queda do Regime Soviético, que deixou boa parte dos contestadores do sistema de produção capitalista sem ter onde escorar sua luta. Neste ponto aparece o contestador capitalista solícito, que acata a luta de questão única (ambientalismo) como forma de modificar ou ao menos tornar o sistema menos funesto.
O Resultado desse aparecimento dos verdes europeus teve prazo curto de viabilidade e mesmo com certas vitórias eleitorais, nada foi alterado, nem mesmo nas políticas protetoras do meio ambiente, que era o estandarte empunhado por estes.
Prova-se que o “Fenômeno verde” Marina Silva, que saiu do PT, se uniu ao lúgubre PV, para concorrer à eleição presidencial de 2010, não é coisa nova, é uma nuance do sistema já utilizada para lograr êxitos eleitoreiros.
Se não houver uma proposta de mudança estrutural, com uma alternativa estrutural a ordem sociometabólica do capital, jamais a teleologia sustentada pelos defensores do meio ambiente será atingida. Com o meio de produção capitalista, o meio ambiente será sempre fonte de extração e subseqüente transformação para obtenção de lucro, com a maneira mais predatória e fácil para acumulação de capital. Isso é histórico e estrutural do sistema, impossível de ser mudado ou atenuado. Olhemos para paises desenvolvidos e notemos o que sobrou de seu “mundo natural”. Tudo foi destruído, mas agora os paises centrais na hierarquia do capital mundial, descobriram que existem riquezas naturais em abundância nos paises em desenvolvimento, e que fomentar essa luta política verde, fará uma poupança para que eles colham estes frutos no futuro.
Isso explica o porquê de existirem tantas Ongs estrangeiras instaladas na maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, fonte incalculável de riqueza, e zero ongs instaladas no Nordeste brasileiro, região mais carente, socialmente analisando do pais.
Entender que Marina Silva, entra na luta eleitoral para suprir uma lacuna criada pelo próprio sistema, para inebriar-nos escondendo as reais demandas para sua alteração estrutural, se faz de suma importância para quem tem como luta objetiva o fim desse nefasto sistema escorado no capital.
Por Leandro Cortiz militante do núcleo Saúde – PSOL-SP