Anúncio foi feito depois que o líder golpista Roberto Micheletti anunciou que formará um “governo de unidade nacional” sem a participação de Zelaya, contrariando o acordo Tegucigalpa-São José
06/11/2009
da Redação
O presidente legítimo de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou que o acordo para colocar fim à crise política do país fracassou. O anúncio ocorreu depois que o líder do governo golpista, Roberto Micheletti, anunciou na quinta-feira (05) que formará um “governo de unidade nacional” comandado por ele mesmo, sem a participação de Zelaya ou dos ministros de seu governo.
Fontes da presidência do regime golpista chegaram a assegurar a jornalistas que seria anunciado um novo governo de unidade, que contemplaria o Acordo Tegucigalpa-São José, cujo prazo se esgotaria na meia-noite da última quinta-feira (horário local, 4h de sexta-feira em Brasília)
O acordo, assinado no dia 30 de outubro sob mediação do Departamento de Estado estadunidense, previa a criação de um governo de unidade nacional sob vigilância de uma Comissão de Verificação, composta por dois representantes internacionais e dois locais.
No entanto, o acordo não foi cumprido. Em uma transmissão pela televisão e rádio a todo o país, Micheletti excluiu a presença de "zelaystas" no processo, assegurando que liderará o governo de unidade.
Crítica
O descumprimento do acordo foi criticado pelos apoiadores de Zelaya, retirado do poder por meio de um golpe de Estado em 28 de junho. Para o presidente constitucional do país, a decisão dos congressistas de votar contra sua restituição é parte de uma manobra para dilatar o acordo enquanto se aproximam as eleições, marcadas para o dia 29 de novembro.
"Não estamos dispostos a permitir que roubem nossa democracia com este tipo de armadilhas", afirmou o representante de Zelaya na Comissão de Verificação do acordo, Jorge Arturo Reina.
Já o líder deposto fez uma chamada aos países da OEA (Organização dos Estados Americanos) "a que se pronunciem sobre o que acontece com o governo legitimamente eleito pelo povo hondurenho e continuem condenando e desconhecimento deste regime" de Micheletti.
"Me parece que isto não estava dentro do conceito do acordo e nem o espírito e nem o conteúdo do acordo rezam essa pretensão a que considero totalmente absurda de uma pessoa que não foi reconhecida por nenhum governo", acrescentou Zelaya.
A atitude dos golpistas também foi rechaçada por 23 países latinoamericanos, que sustentam que não reconhecerão o resultado das eleições, caso Zelaya não seja restituído.
“O que está em jogo é a democracia no continente e a credibilidade do sistema interamericano”, afirmou o chanceller brasileiro Celso Amorim, durante seu discurso na 28ª Reunião Ministerial do Grupo do Rio (fórum de consulta política que reúne 24 nações da América Latina) que acontece em Montego Baym na Jamaica.
(Com informações de agências)
Brasil de Fato