Só é possível construir uma imprensa socialista dinâmica, capaz de fazer a disputa política se houver a colaboração decisiva e entusiasta da nossa militância. Não temos condições econômicas e técnicas para competir com a mídia burguesa e toda sua condição de manipular dados, fraudar acontecimentos, fabricar ilusões, ridicularizar, desorganizar e criminalizar as lutas populares.
Mas temos uma ferramenta fundamental que é a crítica, a possibilidade de desvendar de forma clara e precisa os acontecimentos, apontar os interesses de classe, os privilegiados da exploração social e toda a rede de interesses e determinações daí decorrente. Para isso é necessário o esforço solidário e coletivo, única forma possível de se contrapor minimamente, de se criar uma disposição política para a mobilização social e enfrentamento das mazelas sociais.
Por Márcio Bento – Secretário de Comunicação do PSOL São Paulo
Historicamente os socialistas revolucionários se debatem com a necessidade de se criar formas contra-hegemônicas de disputa na área de comunicação. Lênin foi um dos primeiros a enfatizar a necessidade do envolvimento do conjunto do partido no processo de construção da imprensa socialista, como enfatizou no texto Por onde começar (1901), publicado no Iskra.
O jornal não é somente um propagandista e agitador coletivo: é também um organizador coletivo. Neste sentido, pode-se compará-lo aos andaimes colocados em torno de um edifício em construção; eles indicam a forma que terá o edifício, facilitam a comunicação entre os diferentes trabalhadores da construção, ajudam-nos a distribuir o trabalho e a estar cientes dos resultados gerais que alcançam conjuntamente, através do trabalho organizado.
Como decorrência disso enfatizava a necessidade de que cada militante fosse uma espécie de correspondente do jornal do partido, não no sentido de um jornalista profissional, mas de um militante que reportasse ao núcleo central de comunicação os acontecimentos locais que tinham relevância e interesse para as lutas dos trabalhadores e para a construção do socialismo. Lênin reclamava quando a sede do Iskra recebia poucas mensagens do interior da Rússia, das fábricas ou do exterior. Isso denotava pouco envolvimento da militância com as questões centrais do partido.
Cem anos depois, nos debatemos com o enfrentamento com uma mídia cada vez mais centralizada e manipuladora, envolta em investimentos maciços, em constantes mudanças e inovações tecnológicas, na confluência de meios cada vez mais centralizados em oligopólios que se convencionaram como os centros da produção e elaboração da hegemonia burguesa. Em certo sentido abalada por mudanças no padrão tecnológico, mas que ao contrário do que previam os mais otimistas não são o suficiente para quebrar sua hegemonia. Pelo contrário, todas as inovações técnicas são devidamente manipuladas para manter o domínio de um seleto grupo sobre os meios de comunicação. O advento da rádio e TV Digital são um bom exemplo disso, inovação que permite um número bem mais expressivos de fontes de comunicação, mas que no Brasil em especial se manteve o oligopólio. O mesmo se dá com a internet, por mais que é uma forma mais democrática e avançada de comunicação, os grandes grupos de comunicação, que centralizam várias formas diferenciadas de produção de conteúdo e maciços investimentos em profissionais, inovações tecnológicas e publicidade acabam por deter a maior parte da audiência. Por outro lado, as experiências dos setores populares são difusas, fragmentadas e de baixa audiência. Enquanto esses grupos investem milhões para criar Portais que agrupam uma diversidade enorme de conteúdo como o caso do UOL, G1 e agora R7. A comunicação popular se apresenta de forma dividida, fragmentada, com cada um querendo disputar o seu quinhão.
Contudo, sem falsos endeusamentos a internet possibilita como nenhum outro meio a possibilidade de trabalho conjunto e de garantir a elaboração coletiva por parte da nossa militância. Já estamos trilhando este caminho ao criar uma rede de sites municipais vinculados ao site estadual do PSOL de São Paulo, o que possibilita que tenhamos um nível de colaboração em rede e possamos atingir um número bem maior de acessos do que se cada um tivesse atuando de forma fragmentada. Agora queremos fazer com que a nossa militância contribua efetivamente na produção de conteúdo do site estadual e dos sites locais.
Existem várias formas de colaborar com a produção de conteúdo para o site estadual. A principal é a produção direta de matérias e artigos por parte da nossa militância. Mas os companheiros e companheiras podem também mandar relatos do que está acontecendo na sua área de atuação ou local de moradia, fazer chegar uma informação ou denúncia importante, enfim reportar acontecimentos que interessam ao partido. Pode simplesmente indicar um artigo, matéria ou reportagem que seja de interesse à pauta do partido e seja possível de reprodução. Pode ainda fazer diretamente um comentário em nossa página ou distribuir os textos publicados para sua lista de amigos via e-mail.
Outra forma fundamental hoje em dia é mandar fotos ou vídeos, ou ainda indicar vídeos que possam ser publicados em nossa página.
Essa é a única forma que temos para que a nossa página reflita de fato a nossa atuação nos movimentos sociais, nos movimentos setoriais, bairros e municípios. Assim como é predominante na sociedade, nossa militância muitas vezes também incorpora a divisão imposta pelo mercado de saberes especializados, como se não coubesse ao militante escrever, reportar um acontecimento. Acabamos incorporando a idéia de que para isso é necessário um profissional, quando na verdade podemos ter um recurso em rede inigualável se todos incorporarem a necessidade de fazer da comunicação também um espaço de disputa de posições.
Aliado a produção de conteúdo está a disseminação deste conteúdo pela internet, não basta termos o site estadual e os municipais, hoje a diversidade da rede é fantástica e existem inúmeros serviços que possibilitam a participação direta do internauta. Não é possível ignorar as redes sociais e a possibilidade de ser espaço de disputa de posições políticas e debate com possíveis aliados e simpatizantes de nossas posições. Atraindo os para a participação ativa no partido, abrindo contatos, ampliando nossa rede de atuação.
O fundamental é que consigamos criar o hábito de que o maior número possível de nossos militantes, filiados e simpatizantes possam ser colaboradores ativos da produção do conteúdo do site, possam ser constantemente consultados sobre as posições políticas que desenvolvemos, mas principalmente, participem ativamente da elaboração das posições políticas do partido.
Por ora, quem já quiser ajudar na produção de conteúdo ao site estadual, é só escrever para: [email protected]
Márcio Bento – Secretário de Comunicação do PSOL São Paulo