Por Maíra Kubik
Não pensei que voltaria a escrever aqui sobre a Uniban e o caso da estudante Geisy Arruda. Depois de toda a confusão, vídeos na internet e depoimentos na televisão, as cenas do próximo capítulo dessa história pareciam restritas ao seu retorno às aulas.
Eis que o site do Estadão publica uma nota anunciando que amanhã, domingo, a Uniban veiculará nos principais jornais uma propaganda avisando à sociedade ter decidido pela expulsão da aluna. No dia 22 de outubro, Geisy sofreu assédio nos corredores da universidade por trajar um vestido curto e a situação só foi controlada com a chegada da polícia.
“A educação se faz com atitude e não com complacência”, afirmou a Uniban, como conclusão de uma sindicância interna que avaliou a questão. De fato, nada poderia estar mais correto. Se fosse levar essa frase ao pé da letra, essa instituição de ensino privado, uma das maiores do país, poderia ter repreendido de forma contundente todos aqueles que, numa atitude para a qual não há adjetivos possíveis, atacaram a colega e chamaram-na de “puta”.
Porém, no lugar de ensinar tolerância, respeito ao próximo e, principalmente, às mulheres, a Uniban passou como exemplo a anuência, a intransigência e o conservadorismo.
Sim, ao que tudo indica, os envolvidos no episódio foram suspensos. Mas a garota foi expulsa, impedida de estudar. Em poucas palavras, foi considerada culpada por sua própria agressão.
“A atitude provocativa da aluna resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar”. Esse tipo de argumento me lembra depoimentos de estupradores que dizem, do fundo do seu coração, “mas ela me chamou, com aquela roupa, aquele sorriso”, tentando justificar uma ação absolutamente irracional e imperdoável.
Fonte: Blog Viva Mulher