A Amazônia está ameaçada. Seus povos e sua biodiversidade estão mais uma vez sendo sacrificados. Tudo em nome de um modelo de desenvolvimento irresponsável, voltado exclusivamente aos interesses do capital. Diversos estudos já demonstraram que a Usina de Belo Monte não é apenas inviável mas extremamente danosa ao bioma amazônico. Infelizmente os Governos Federal e Estadual, alheios a tudo isso, estão irmanados em mais essa empreitada de devastação.
O EIA/RIMA apresentado é deliberadamente superficial, omisso e fantasioso chegando a apontar vantagens econômicas e sociais para a região atingida. As Audiências realizadas foram carentes de representatividade social, antidemocráticas; ademais não responderam às questões do Ministério Público Federal, do Ministério Público Estadual e dos representantes de comunidades. É com essa farsa que o Governo Federal e seus representes no IBAMA, ELETROBRAS e ELETRONORTE pretendem legitimar o projeto de construção de Belo Monte, primeira grande usina do Complexo Hidrelétrico do Xingu, concebido para garantir energia barata à indústria eletro-intensiva, ao agronegócio e vários empreendimentos baseados na destruição e saque das riquezas amazônicas.
A despeito da suposta redução da área inundada, são inevitáveis impactos como: inundação permanente da maior parte das praias do Xingu, dos igarapés que cortam a cidade de Altamira e parte da área rural de Vitória do Xingu; redução da vazão e conseqüente seca na Volta Grande do Xingu, limitando o acesso à água potável, aumentando a proliferação de doenças, impossibilitando a pesca e interrompendo o transporte fluvial para comunidades ribeirinhas e indígenas.
A construção da Belo Monte significará a imediata cessação das atuais áreas de pesca comercial e ornamental e o remanejamento de 16 mil pessoas. Embora sua nova versão prometa que nenhuma área indígena será inundada é certo que causará fortes impactos sobre os Juruna, os Assurini do Xingu, os Araweté, os Parakanã, os Kararaô, os Xikrin do Bacajá, os Arara, os Xipaia e os Kuruaia e outros povos Kaiapó, além de mais de mil índios que vivem em Altamira. A caça, a pesca e a roça, bases de sua subsistência, serão bruscamente reduzidas pelos impactos do sobre a flora e a fauna; seus costumes e modos de vida serão drasticamente alterados pela expansão da fronteira econômica, prenunciando seu desaparecimento e evidenciando o desprezo profundo do governo a sua etnia e a sua história.
A determinação de Lula é ainda mais injustificável com a indefinição do custo total da obra e das medidas de mitigação dos efeitos sócio-ambientais, além da duvidosa viabilidade técnica e econômica que teria potencial para até 11,1 mil megawatts apenas durante quatro meses e capacidade de gerar no máximo 4,6 mil megawatts em todo o restante do ano. O custo anunciado inicialmente ficava em torno de R$ 7 bilhões, mas hoje a própria Eletrobras admite que esse custo chegará a pelo menos R$ 20 bilhões.
Mas os habitantes do Xingu e de todos os quadrantes desta região resistem bravamente ao projeto de Belo Monte e de todas as barragens projetadas para violar sua bacia hidrográfica, sua geografia e sua história. Por tudo isso o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e meu mandato reafirmam sua irrestrita solidariedade a esta luta de resistência, em defesa da vida e de um futuro que assegure a preservação da floresta e da biodiversidade e a conquista de um verdadeiro desenvolvimento com traga uma vida de dignidade a todos os povos da Amazônia.