Nada tem sido mais pedagógico do que os constantes bate-bocas que tomaram conta das sessões do Senado. É óbvio que é trágico, em alguns casos, patético, mas revelam a essência do que é o Senado e por extensão a política brasileira. As mesmas práticas que o PT e o governo Lula abraçaram e hoje faz parte indissolúvel da governabilidade conservadora exercida pelo petista.
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As trocas de insultos entre Renan Calheiros e Tasso Jereissati trazem à tona o modelo patrimonialista de se fazer política, onde o privado toma conta do público, não à toa, ambos fazem referência, em acusações recíprocas, à pecha de coronel. Triste referência ao coronelismo, aos donos de gado e gente, uma herança política que continua com toda força, basta ver o arquivamento sumário das representações contra Sarney no Conselho de Ética.
Basta um mínimo de investigações para se chegar a um conjunto de irregularidades que envolvem tanto senadores da base governista quanto os da oposição de direita. A movimentação pelo Fora Sarney acirra essas contradições, trazem à tona fatos novos, colocam em confronto dois lados nefastos da política brasileira.
Nesse sentido, a movimentação pelo Fora Sarney além de expor de forma clara para a população todos os meandros da política de governabilidade de Lula, as alianças fisiológicas, jogos de interesse e acobertamento da corrupção, ainda de tabela, desmascara a oposição de direita que tenta posar de paladino da ética, quando não tem a menor condição moral para isso.
Atuação exemplar tem tido o senador do PSOL José Nery, ontem, mais uma vez desmascarou Sarney e provou que ele mentiu em plenário ao dizer que desconhecia o genro de Agaciel, de quem foi padrinho de casamento, um dos servidores do Senado nomeado por ato secreto e citado na representação do PSOL.
Cabe fortalecer a campanha pelo Fora Sarney, aumentar a pressão e mobilização, assim casos envolvendo outros senadores também virão com maior peso a público, para o PSOL cabe a investigação tanto dos senadores da base governista como da oposição de direita.
Pelo Fim do Senado
Outra questão aberta com a crise é o debate sobre o fim do Senado. Em muitos países reconhecidamente democráticos como Suécia, Portugal, Dinamarca e Nova Zelândia o sistema adotado é unicameral, ou seja, existe apenas um parlamento. O Senado em seu papel revisor e moderador do que é votado na Câmara dos Deputados tem servido historicamente para barrar avanços populares e representa o que há de mais conservador na política brasileira. Sua composição por Estado e não pelo peso do voto de cada eleitor distorce a representação e favorece ainda mais o poder econômico e as oligarquias regionais. É óbvio que não é com o fim do Senado que se resolve os casos de corrupção ou melhora a vida dos brasileiros. Para isso, mudanças estruturais são necessárias. Mas sem dúvida seria um grande passo para combater um modelo que só interessa às elites endinheiradas e corruptas do nosso país e um avanço para a democracia e participação popular.
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