Os discursos inflamados e os bate-bocas em plenário foram substituídos por troca de amenidades, num roteiro já pré-determinado de se tentar solucionar a crise dando condições para que Sarney exerça sem problemas a presidência do Senado e não tenha o seu cargo ameaçado.
Depois que o presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque, arquivou sumariamente todas as representações contra Sarney, as movimentações agora são mais calculadas e contam com o aval da oposição de direita, que não quer que a crise atinja também seus senadores, grande parte envolvida em casos de corrupção, tão ou mais complicados do que o próprio Sarney.
Neste roteiro, está o arquivamento também das denúncias contra Renan e Arthur Virgilio, este réu confesso no uso de assessor fantasma.
O PSOL entrou com recurso para a abertura de ações contra Sarney. Em sua representação arquivada, o PSOL pediu apuração de denúncias divulgadas pela imprensa segundo as quais o presidente José Sarney teria concedido benefícios e aumentado remuneração de servidores por meio de “atos secretos, assim considerados por não terem sido publicados”.
Em entrevista à Agência Senado, o senador José Nery (PSOL-PA) afirmou que usará todos os meios legislativos para conseguir a abertura das investigações.
– Não podemos aceitar esse arquivamento geral e irrestrito porque as denúncias se baseiam em fatos graves que precisam ser investigados – disse Nery aos jornalistas.
O PSOL repudia este acordo em curso para livrar Sarney e outros senadores dos crimes de corrupção e vai continuar usando dos meios cabíveis para exigir a investigação de todos os casos. Para o PSOL, cabe aumentar a pressão popular, única forma de combate efetivo para que os crimes de corrupção não passem impunes.