A preparação para o processo eleitoral de 2010 e o enfrentamento da crise econômica mundial junto à classe trabalhadora serão os eixos principais do 2º Congresso Nacional do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que começa nesta sexta-feira (21), em São Paulo. Mais de 500 pessoas são esperadas, entre delegados, convidados e observadores. A preparação do Congresso teve início em junho e contou com a realização de 506 plenárias municipais, reunindo 11.600 filiados. Nas plenárias, foram eleitos delegados para os congressos estaduais, que renovaram as direções do PSOL em todo o país. De todo o Brasil, 381 delegados vão participar do Congresso Nacional.
“Os debates prévios ao Congresso foram muito produtivos. Ajudaram a clarificar nossas diferenças e a politizar a militância. Este será um Congresso para unificar o partido em torno de uma linha clara, sob o comando de Heloísa Helena”, afirmou a deputada federal Luciana Genro. “O debate será sobre melhoras táticas para enfrentar a crise econômica e o governo Lula. Existem diferenças de visões dentro do partido, mas são diferenças táticas, que não eliminam a possibilidade de atuarmos conjuntamente para enfrentar esta conjuntura”, completou.
O deputado estadual de São Paulo, Raul Marcelo, lembra que a crise já desempregou um milhão de brasileiros, dos quais 800 mil com carteira assinada. Por isso, acredita que o Congresso do PSOL será um espaço importante para a construção de um bom diagnóstico da crise e de alternativas para sua superação. “Hoje nenhum partido está disposto a fazer isso no país. PT e PSDB são partes fundantes da crise, porque defendem pressupostos que estão na sua origem, com a livre movimentação financeira e as privatizações. O PSOL pode dar respostas concretas à crise”, disse.
Ainda no campo da economia, o debate sobre a dívida pública brasileira também estará em foco. Nesta quarta-feira (19), foi instalada em na Câmara dos Deputados a CPI da Dívida Pública, proposta pelo deputado do PSOL Ivan Valente.
Eleições 2010
O 2º Congresso do PSOL acontece no marco do debate nacional sobre as eleições de 2010. Por isso, terá como um de seus temas principais a discussão sobre a candidatura de Heloísa Helena à Presidência da República.
“Acreditamos que o papel de Heloísa Helena em 2010 é fundamental, para a sociedade brasileira, para a construção de uma via de esquerda para a superação do capitalismo. Então o partido vai jogar peso nisso, vamos tentar convencê-la. A discussão sobre sua candidatura está atravessa pela sua opção ao Senado em Alagoas, o que poderia significar uma derrota de Renan Calheiros, que simboliza a direita conservadora. Mas precisamos fazer um debate sobre a alternativa de esquerda à candidatura de Marina Silva e ao PV, que é um partido pragmático”, explica Mário Augusto de Azeredo, membro da Executiva Nacional do partido.
Para Martiniano Cavalcante, também da Executiva Nacional do PSOL, o desafio é apontar uma alternativa de poder para o Brasil capaz de convencer o povo que o país pode e deve superar “o reino da corrupção como sinônimo de governabilidade e o limite da política de assistência social como sinônimo de desenvolvimento”. “E vamos enfrentar esta questão discutindo nossa opção para a Presidência da República e o programa para esta alternativa. A dispersão tem marcado a esquerda historicamente. Então é hora de construir um novo bloco histórico no país, unindo socialistas, trabalhadores, ambientalistas, o movimento sindical, a juventude, pequenos empresários, camadas médias, enfim, todos aqueles que são vítimas deste modelo de dependência, subdesenvolvimento controlado e concentração de riqueza”, afirma Martiniano Cavalcante.
“A candidatura de Heloísa Helena reflete o processo de construção do partido nesses anos. Não é à toa que ela aparece bem colocada nas pesquisas. Então é uma necessidade para o partido. E entendemos que, para refletir o resultado de todas as plenárias estaduais que definiram isso, este debate deve ser decidido neste Congresso do PSOL. O nome dela tem que ser definido agora para que o partido saiba desde já como vai construir o seu programa, classista, de enfrentamento ao capital”, completou João Batista Oliveira de Araújo, o Babá.
Unidade sindical e democracia interna
Além das eleições de 2010 e da crise, o Congresso discutirá ainda a questão internacional na América Latina; a reorganização do movimento sindical – o PSOL debaterá a unidade entre Intersindical e Conlutas para a construção de uma nova central –; e a renovação da direção nacional do partido.
“Esperamos um saldo de qualidade organizativo, novos tempos para o PSOL organizado a partir da desconcentração do poder partidário. O objetivo é armar o partido para elevar sua inserção no movimento social, com organização dos setoriais e o reforço de um pacto democrático, com contribuição dos associados e divisão equitativa do poder”, explica Luiz Araújo, Secretário-Geral do PSOL.
Serviço:
2º Congresso Nacional do PSOL – 21 a 23 de agosto
Quadra do Sindicato dos Bancários – Rua Tabatinguera, nº 192 – Sé, São Paulo.
Cerimônia de abertura: dia 21, às 9h.