Ao registrar que o Ministério Público Federal em São Paulo denunciou à 6ª Vara Federal Criminal o banqueiro Daniel Dantas, controlador do Grupo Opportunity, o senador José Nery (PSOL-PA) destacou que a análise dos documentos apreendidos pela Operação Satiagraha desvendou uma ligação do acusado com o empresário Marcos Valério de Souza, apontado como operador do “mensalão”.
Segundo o senador, os procuradores encontraram dois contratos, totalizando R$ 50 milhões, em auditoria feita na Brasil Telecom. Os documentos foram assinados com a DNA Propaganda e a SMP&B, empresas de Marcos Valério. José Nery disse que, para o procurador Rodrigo De Grandis, essa era a forma de aproximação do Opportunity com o governo para facilitar negócios.
– Não existe esquema de corrupção que não possua uma via de mão dupla. Esta tese foi sobejamente comprovada nos dados coletados pela CPI dos Correios. Ao lado do ladrão interessado em assaltar os cofres públicos, tem sempre a ação de agentes públicos interessados em receber propina ou receber financiamento privado ilícito em campanhas eleitorais – afirmou José Nery.
Para o senador, o modus operandi do que ele chamou de “máfia do Senado” é semelhante à prática da “quadrilha de Daniel Dantas”. José Nery opinou que não teria sido possível desvendar o “mensalão” sem o trabalho de uma comissão parlamentar de inquérito. Da mesma forma, ele defendeu a instalação imediata de uma CPI para apurar as diversas denúncias envolvendo o Senado.
José Nery lembrou que na semana passada o PSOL ingressou com uma representação junto à Mesa para que o Conselho de Ética do Senado apure os fatos relacionados a uma suposta quebra de decoro e da ética por parte do presidente da Casa, José Sarney. Ele acrescentou que partidos como o PSDB, o DEM, o PDT e o próprio PSOL, além de parlamentares de outras legendas, solicitaram o afastamento de Sarney da Presidência do Senado até que todos os fatos sejam apurados.
Roberto Homem / Agência Senado