Por Maíra Kubik Mano
Seqüestro de empresários, paralisações e passeatas com milhares de trabalhadores. A França parece viver dias de ebulição, cujo estopim foi a crise financeira internacional. “Porém, a intervenção estatal, seja na Europa ou nos Estados Unidos, é para salvar os bancos. Trata-se de um retorno ao keynesianismo”, afirma Olivier Sabado, integrante do Novo Partido Anticapitalista (NPA), fundado em fevereiro deste ano na França.
No dia 17/06, Sabado participou do debate “A reorganização da esquerda e a construção do NPA na França”, promovido pelo PSOL e realizado na sede da Apeoesp, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo.
Para o líder francês, a criação do novo partido parte justamente deste contexto de crise, em que o capitalismo está sendo questionado. “A idéia de um novo sistema ganha fôlego, há polarização política e mobilização social na Europa”, defende. Ele acredita que existem dois pilares fundamentais para uma nova proposta, além da conjuntura global: o declínio histórico dos partidos comunistas após o fim da União Soviética e a transformação da social democracia e das pautas do Welfare State, o estado de bem-estar social, em temas do liberalismo.
Apesar de muito recente, o NPA já tem hoje cerca de 10 mil membros e é considerado um partido pluralista. “Tentamos pegar o melhor de cada corrente para pensar algo novo. Isso implica, claro, que cada corrente se supere”, coloca Sabado, numa alusão à decisão da Liga Comunista Revolucionária (LCR) em dissolver-se dentro do NPA após 40 anos de existência autônoma.
Sabado ressalta que o partido ainda não tem um “programa fechado”. “É um partido-processo, que vai definir sua política ao longo de sua marcha”. Obviamente existem pontos consensuais, que seguem um horizonte socialista e democrático: o NPA preza o direto à organização em tendências, assim como a opção por debater publicamente suas divergências. “Mas há questões em aberto, como a definição sobre o socialismo do século XXI”.
O partido, que obteve cerca de 4% nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, realizadas no mês passado, reafirma seu pé na institucionalidade. “Mas o centro de gravidade são as lutas sociais”, conclui Sabado.
Veja o vídeo do debate:
Fonte: Site do PSOL da Capital www.psol50sp.org.br/capital