Há décadas, os servidores municipais de São Bernardo do Campo vêm resistindo às sucessivas administrações,que tratam os “servidores como trabalhadores de segunda categoria”, do ponto de vista salarial e da valorização profissional.
Com o avanço das relações democráticas e a criação do Sindicato do funcionalismo a partir de 1989, os servidores ganharam autonomia, consciência de classe e fisionomia nas relações trabalhistas , no cumprimento dos deveres e na preservação de direitos .
Sua primeira diretoria teve como presidenta a companheira Sandra, que contribuiu fortemente para consolidação do mesmo , enfrentando o fisiologismo e o vício de clientelismo que permeava parcela do funcionalismo, por vezes, tutelados politicamente.
Lembro-me que participei intensamente da greve deflagrada pelos servidores onde foi dirigida por um amplo comando de greve, marcando definitivamente uma nova postura nas relações sindicais trabalhistas. Foi uma greve duríssima com repressão e conflitos permanentes, internos e externamente, nas relações sindicais e políticas na cidade.
Como vereador, acompanhei de perto a condução da referida greve,sempre de forma militante e solidária para com trabalhadores grevistas. Foi um dos grandes conflitos que enfrentei na gestão do PT.
Mesmo entrando em conflito com a administração e o próprio PT , sempre tomei partido ao lodo dos trabalhadores que foram convencidos que nada será dado e sim, tudo será conquistado.
A administração Maurício/Djalma Bom do PT sempre teve uma tratativa hostil para com o funcionalismo público municipal .Perseguiram inúmeros trabalhadores como o próprio Dib, o jornalista Laranjeira, o subprefeito Chicão do Riacho grande e tantos outros que ousaram contrariar ou divergir do Alcaide Eleito .
Vinte anos depois, “a trágica história se repete”, com um prefeito experimentado junto ao movimento sindical , mas, ao invés de atender os servidores através da entidade de classe, o mesmo se choca com o movimento organizado atraindo mais uma frente de conflito na cidade.
Com o funcionalismo decepcionado e ávido para recuperar as perdas salariais e a valorização profissional, o prefeito ainda é cobrado pelas promessas e compromissos eleitorais que teria assumido na Campanha passada.Parafraseando Marx, será que podemos afirmar que a história da administração petista se repete: “a primeira como tragédia, a segunda como farsa”?
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) diante do descaso, abandono e omissão do atual Prefeito Luiz Marinho para com os aguerridos servidores municipais, externa sua solidariedade e apoio conforme nota.
Além dos dados e argumentos acima, outros pontos precisam ser debatidos junto ao conjunto do funcionalismo de SBC, como a democratização da direção da entidade de Classe (Sindicato), garantindo-se a proporcionalidade direta e qualificada na diretoria, afim de garantir a pluralidade político-sindical que existe de fato na categoria.
Espero concretamente que o atual presidente possa ter a sensibilidade suficiente para dar conta dessa realidade.É fundamental e urgente a recomposição a atual direção, pois grande parte da diretoria traiu os trabalhadores “trocando” sua representação sindical por cargos comissionados na administração da cidade.É urgente convocar os suplentes para compor a direção, pois a representação atual está comprometida e defasada e se não ocorrer o diálogo, outras medidas deverão ser tomadas para garantir a representação e a condução do referido movimento Sindical.
Outro ponto que deve ser discutido é em relação à desfiliação ou não da Central Única dos Trabalhadores (CUT) que hoje se transformou numa entidade chapa branca e correia de transmissão dos interesses patronais e dos governos .Nós defendemos a unificação da Conlutas com a Intersindical , rumo à construção de uma nova central de luta e representativa dos interesses efetivos da classe trabalhadora.
Nesse contexto, com sucessivos prefeitos omissos e carrascos do Funcionalismo Público municipal, a única certeza que temos é que nem o passado como era (Administração Dib), nem o presente como está (gestão Marinho/Aguiar), representa de fato os anseios de luta ,mudanças e transformações urgentes que a classe trabalhadora clama.
Devemos confiar sempre na força do movimento organizado, na entidade representativa de nossa classe e na superação efetiva dos governantes enganadores do povo que só enxergam os trabalhadores alguns dias antes das eleições.
Para o movimento ser vitorioso, deve estar unido e organizado para derrotar definitivamente os políticos que tem duas caras; uma antes da eleição e outra a partir do momento em que é eleito.Uma cara como situação e outra como pseuda- oposição?
“Nem o Passado como era, nem o presente como está. Junte-se ao Psol para mudar”.
Mudar é Preciso!!!
Aldo Santos é ex-vereador de São Bernardo do Campo, sindicalista, membro do Diretório Nacional do PSOL e Presidente do PSOL em São Bernardo do Campo.