Os professores Antonio Cândido, Marilena Chauí e Maria Vitória Benevides criticaram o uso da força policial contra a comunidade acadêmica. Eles também não pouparam criticas à reitoria da universidade. O ato que reuniu os docentes foi organizado pela Adusp (Associação dos Docentes da USP).
O evento lotou o anfiteatro da Geografia. Um telão teve de ser instalado no saguão do prédio, para que o público que não conseguiu entrar no auditório pudesse acompanhar a intervenção dos intelectuais. O prédio da Geografia, onde ocorreu o ato, foi bombardeado pela PM, no último dia 09.
Passeata contra repressão militar acontece nesta quinta-feira, 18
Por Lúcia Rodrigues
“Em uma única gestão a reitoria trouxe a polícia duas vezes para dentro do campus”, ressalta indignada a filosofa. Para Marilena, o poder excessivo concentrado nas mãos da reitoria precisa ser desestruturado. “A repressão se tornou ‘natural’ porque não temos mais fóruns de discussão. A única resposta (da reitora) é a resposta repressiva”, frisa.
A filosofa também criticou a Univesp (o ensino à distância, que o governo do Estado quer implantar nas três universidades estaduais paulistas), mas destacou que não se trata apenas de um projeto estadual. O Ministério da Educação também defende a idéia.
Atentado
A invasão da PM ao campus é classificada pelo professor aposentado de Teoria Literária Antonio Cândido, como “um atentado contra os direitos mais sagrados de agir e discutir”. Ele conta que foi ao ato organizado pela Adusp, para externar sua indignação contra a presença da PM no campus e a violência por ela praticada. “Estou aqui para protestar contra isso”, afirma.
A professora da Faculdade de Educação Maria Vitória Benevides destaca que a violência só ocorre quando se fecham os canais de diálogo. “Fora da política, só existe uma alternativa, que é a da violência.”
Maria Vitória também criticou duramente a postura da reitoria em relação à Univesp. “A Faculdade de Educação tem manifestado criticas fortes e sólidas contra a educação à distância. Isso deveria ser um sinal para os dirigentes da universidade, mas, infelizmente, não é.”
O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz também criticou a violência policial praticada no campus. “As forças policiais devem combater o crime, principalmente o de corrupção, não manifestantes.” Ele revelou à reportagem de Caros Amigos que participou do movimento estudantil quando era universitário. “Fui delegado ao congresso da UNE em 1980. Ajudei a eleger o Aldo Rebelo (atual deputado federal do PC do B).”
Passeata
Representantes do Fórum das Seis, entidade que representa docentes, funcionários e estudantes da USP, Unicamp e Unesp, se reuniram, no final desta manhã, com os reitores das três universidades. Os dirigentes exigiram a saída imediata da PM do campus para a reabertura das negociações.
Segundo o coordenador do Fórum das Seis, professor João Chaves, a entidade também reivindicou que o Cruesp redija um comunicado reconhecendo o direito de greve dos manifestantes. “Os piquetes são para proteger os funcionários que ficam fragilizados diante de chefias repressoras”, destaca.
A reitora Suely Vilela não se manifestou sobre o assunto. Em nota o Cruesp não se manifestou sobre a retirada da PM do campus. O texto informa que está agendada uma reunião para o próximo dia 22.
Na quinta-feira, 18, o Fórum organiza manifestação no Masp (Museu e Arte de São Paulo) às 12h. Os manifestantes seguem em passeata até o Largo São Francisco, onde realizam ato público para denunciar a violência policial.