Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 11, a deputada federal Luciana Genro, o presidente estadual do PSOL, Roberto Robaina, e os vereadores de Porto Alegre Pedro Ruas e Fernanda Melchionna repercutiram a reportagem da última edição da revista Veja, que corrobora o que as lideranças já haviam revelado em outra entrevista, em fevereiro: a existência de graves irregularidades na campanha e no governo de Yeda Crusius. “Para o PSOL, essa situação não é nova. Desde o ano passado, com a CPI do Detran e a revelação de gravações de conversas entre o vice-governador, Paulo Feijó, e o então secretário da Casa Civil, Cezar Busatto, estamos acompanhando os fatos”, disse Robaina.
11/05/2009 – Do site da deputada Luciana Genro – PSOL/RS
Ruas completou que aqueles escândalos já seriam suficientes para justificar um processo de impeachment contra a governadora, mas além disso surgiu ainda a compra de uma mansão, junto com sinais exteriores de riqueza, incompatível aos rendimentos de uma deputada, cargo que Yeda exercia anteriormente. Um pedido de impeachment foi protocolado pelo PSOL na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul em 10 de junho de 2008.
Em 19 de fevereiro, diante da morte misteriosa do ex-representante do governo do Estado em Brasília, Marcelo Cavalcante, Luciana, Robaina e Ruas convocaram a imprensa para revelar as informações agora confirmadas por Veja, sendo que a publicação traz revelações da viúva do assessor, Magda Koegnikan. “Ela deu declarações importantíssimas, revelando que o marido de Yeda pegou R$ 400 mil e usou na compra de sua casa, entregando por fora do contrato”, apontou Ruas. Em entrevista ao jornal Zero Hora de hoje, Carlos Crusius, marido da governadora, nega ter intermediado qualquer doação.
Porém, conversas via e-mail às quais o PSOL teve acesso mostram que Crusius teve, sim, participação em arrecadação de recursos financeiros para a campanha eleitoral de 2006. Uma delas mostra um diálogo entre uma fonte e o diretor da construtora Odebrecht Alexandrino Alencar, combinando a entrega de uma “encomenda”, que poderia ser entregue a Antonio Mucci (dirigente do PSDB paulista) ou depósito em “CC” (conta corrente). Por fim, fica combinado que “deverá ser feito hoje com o marido”. Outra troca de e-mails é entre o dirigente do PSDB em Rio Grande Juarez Molinari e o presidente da Federasul, José Paulo Cairoli. Molinari pede auxílio financeiro para o segundo turno da campanha. As empresas não constam como doadoras oficiais da campanha.
O PSOL vai entregar as cópias desses diálogos à procuradora-geral de Justiça, Simone Mariano da Rocha, e ao procurador-geral do Ministério Público de Contas, Geraldo da Camino. Amanhã, 12, Luciana, Robaina, Ruas e Fernanda terão audiência com o procurador-geral do Ministério Público Especial junto ao Tribunal de Contas, Geraldo Da Camino, para pedir que esses documentos sejam anexados às investigações em curso sobre a conduta do governo.
(Fotos: Débora Birck
e Hugo Scotte)
Revista Veja confirma denúncias do PSOL
09/05/2009
A edição da revista Veja que chega às bancas neste sábado, 9, revela que a publicação teve acesso às gravações realizadas pelo ex-representante do Rio Grande do Sul em Brasília, Marcelo Cavalcante, em que ele relata uma série de irregularidades na campanha tucana ao governo do Estado e na administração da governadora Yeda Crusius. Os fatos já haviam sido trazidos a público pelo PSOL em 19 de fevereiro, algum dias depois da suspeita morte de Cavalcante, até hoje ainda não elucidada pela polícia.
A deputada federal Luciana Genro, o presidente estadual do PSOL, Roberto Robaina, e o vereador de Porto Alegre Pedro Ruas voltarão a se manifestar sobre as denúncias em coletiva de imprensa, na segunda-feira, 11, às 14h, na sede do partido (Rua da República, 108 – Cidade Baixa).
Confira parte da reportagem de Veja:
Gravações comprometem governo de Yeda Crusius
VEJA teve acesso a gravações em que o ex-assessor da governadora gaúcha Yeda Crusius (PSDB) Marcelo Cavalcante, morto em fevereiro, relata uma série de irregularidades na campanha e no governo da tucana. A reportagem ouviu 1h30m das 10 horas de diálogos mantidos entre Marcelo e o empresário Lair Ferst, um dos acusados de participar dos desvios no Detran gaúcho. Neles, fica claro que o ex-assessor conversava com liberdade com Ferst, que o havia ajudado informalmente a arrecadar dinheiro para a campanha da governadora.
Yeda Crusius não tem sossego. Enfrenta acusações de ter usado caixa dois em sua campanha eleitoral desde antes de tomar posse, em janeiro de 2007. Como se não bastasse, em meados do ano passado, a Polícia Federal desbaratou uma máfia que desviava recursos do Detran gaúcho. Relacionados ao esquema estavam três secretários de governo e Marcelo Cavalcante, o chefe da representação do Rio Grande do Sul em Brasília. Todos tiveram de deixar seus cargos. Em fevereiro passado, a morte repentina de Cavalcante injetou uma dose de tragédia nas agruras do governo tucano. O corpo do ex-assessor foi encontrado boiando no Lago Paranoá, em Brasília.
As investigações policiais indicam que ele se suicidou. Chefe de gabinete de Yeda entre 2002 e 2006 e coordenador de sua campanha eleitoral, Marcelo conhecia o PSDB gaúcho na intimidade. Com seu desaparecimento, parecia ter se perdido uma das mais acuradas memórias da campanha e dos primeiros dias do governo Yeda. Era uma presunção falsa. Apenas um mês depois da morte de Marcelo, descobriu-se que o Ministério Público Federal dispunha das tais gravações. VEJA teve acesso a parte desses áudios.
Trechos – De acordo com Marcelo, Yeda recebeu dinheiro no caixa dois depois que a eleição terminou. Ele conta que, depois do segundo turno, coletou 200.000 reais da Alliance One e outros 200.000 reais da CTA Continental. São duas fabricantes de cigarro que, segundo Marcelo, fizeram as doações em espécie. O ex-assessor diz que entregou esse dinheiro a Carlos Crusius, marido da governadora. Procurados por VEJA, os executivos da Alliance One negaram ter abastecido qualquer caixa dois e mostraram um recibo que comprova a transferência bancária de 200.000 reais para o diretório estadual do PSDB. Já a CTA Continental contesta ter feito qualquer doação à tucana. “Se me perguntar se me pediram dinheiro, digo que sim. Mas não levaram”, diz Allan Kardec Bichinho, presidente da empresa.
O ex-assessor diz que avisou Yeda sobre o esquema de corrupção no Detran gaúcho e conta ter entregado à governadora uma carta de oito páginas na qual o empresário Lair Ferst descrevia o modo como os recursos eram desviados da repartição oficial. Ferst escreveu essa carta para tentar livrar-se da suspeita de envolvimento no esquema.
Revelação – A reportagem de VEJA teve acesso a esses áudios há 40 dias. Só os divulga agora depois de encontrar uma fonte com credenciais suficientes para comprovar sua autenticidade. Ela é uma testemunha que também ouviu as gravações e assegura que Marcelo reconhecia como legítimo o seu conteúdo. Mais: o ex-assessor lhe relatou os mesmos fatos. Essa testemunha, Magda Koegnikan, foi companheira de Marcelo. Dona de uma revista brasiliense, a Sras. e Srs., Magda relutou em revelar o que sabia. Ela temia perder o apoio financeiro para sua revista por parte de governos aliados de Yeda. Magda diz que decidiu correr esse risco em nome da memória do homem com quem viveu por quinze meses. Em cinco horas e meia de entrevista a VEJA, contou que Marcelo soube da existência dos áu
dios, gravados por Lair Ferst, em novembro de 2007. “Lair lhe mostrou as gravações e disse que as entregaria às autoridades para provar que os responsáveis pelos desvios no Detran eram integrantes do governo Yeda, e não ele”, lembra Magda. Ao ouvir isso, seu companheiro se desesperou: “Ele entrou em depressão e passou a beber.”
Do site da deputada Luciana Genro – PSOL-RS