No bojo de mais um 13 de maio, campanha “Escravidão Não” pretende mostrar a jovens que circulam por bares, espaços culturais e universidades de São Paulo que o trabalho escravo continua bem mais presente do que se imagina
Por Repórter Brasil
Nos bancos da escola, todo estudante aprende sobre a Lei Áurea. Para se dar bem nas avaliações, precisa guardar na memória – e repetir, quando perguntado – que a escravidão foi abolida no país, pelo menos no papel, após o famoso ato firmado em 13 de maio de 1888 pela Princesa Isabel.
No bojo de mais um 13 de maio, a campanha “Escravidão Não”, lançada na última sexta-feira (9), pretende mostrar a jovens que circulam por bares, restaurantes, espaços culturais e universidades da maior metrópole do país que o trabalho escravo continua bem mais presente do que se imagina.
Ao todo, 10 mil cartões postais, com uma mensagem provocativa sobre a escravidão contemporânea, estão sendo distribuídos em 50 estabelecimentos espalhados pela capital paulista. Aqueles que pegarem o cartão, sujarão literalmente as mãos com carvão vegetal, uma das principais atividades econômicas envolvidas na exploração do crime no Brasil.
“Os jovens são o futuro da sociedade. Acreditamos que, para o futuro ser bom, a ética e o pensamento crítico devem estar sempre em pauta no dia-a-dia dessas pessoas”, afirma Pedro Sene, sócio-diretor da Sagarana Comunicação, agência de publicidade com foco diferenciado (de interesse das pessoas) que promove a campanha “Escravidão Não”. O cartão direciona os leitores a um site com informações complementares: www.escravidaonao.com.br
O site especial disponibiliza um canal para que os visitantes assinem o abaixo-assinado para a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 438/2001, conhecida como PEC do Trabalho Escravo, que prevê a expropriação de terras dos empregadores que explorarem mão-de-obra escrava.
Site da campanha da Sagarana divulga abaixo-assinado pela aprovação da PEC do Trabalho Escravo
“Jovens são mais engajados quando se trata de um assunto como este, pois participam ativamente de movimentos sociais. Este fator é essencial para o sucesso da campanha, já que buscamos 1 milhão de assinaturas para o abaixo-assinado”, completa Pedro Sene.
Lucas Pacifico, também sócio-diretor da Sagarana, conta que a idéia de abordar a escravidão surgiu de um contexto mais amplo “carregado de acontecimentos relacionados aos direitos humanos e às questões ambientais do planeta”.
“O forte discurso de uma vida mais sustentável, o aquecimento global e a entrada de um presidente negro na presidência dos Estados Unidos deram margem para que muitos tabus e assuntos pouco discutidos entrassem em pauta, como o passado escravocrata na América, o preconceito moderno em relação aos negros nos dias atuais e claro, os direitos humanos violados discaradamente”, emenda Lucas Pacífico.
De acordo com ele, os “números absurdos de lucro e exploração” contidos na obra “Tráfico Sexual – Por Dentro do Negócio da Escravidão Moderna“, no qual o autor Siddharth Kara trata da máquina econômica por trás da escravidão, também contribuíram para a escolha do tema.
Conforme os resultados, mais cartões da “Escravidão Não“ poderão ser distribuídos em locais públicos. Pedro Sene inclusive planeja: “Continuaremos atualizando o site e queremos abordar anualmente, em cima da mesma campanha, um diferente segmento ligado ao trabalho escravo no Brasil”.
Clique aqui para entrar no site da Campanha “Escravidão Não”
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