O movimento negro, movimentos sociais, sindicatos e organizações culturais se levantam e chamam toda sociedade a se mobilizar em busca de alternativas que nos levem a construção da nova sociedade. Nos reunimos em forma de protesto, no Vale do Anhangabaú, em frente à estação do Metrô e ao lado da famosa Ladeira da Memória, que durante décadas foi um mercado de venda de escravos.
Neste aniversário de 121 anos da abolição formal da escravidão de negras/os africanas/os e seus descendentes, percebemos o quanto esta população permanece violentada em seus direitos e vitimada pelas injustiças sociais. O IBGE confirmou que negras/os, jovens e mulheres são mais prejudicados com as demissões, fruto da crise financeira mundial.
Segundo o Ipea, negras/os ganham menos, trabalham mais e em piores ocupações. São a maior parte entre os sem carteira assinada e são a maioria em serviços domésticos, agricultura e construção civil. Incluem-se mais cedo no mercado de trabalho e saem mais tarde. Crianças negras são as maiores vítimas do trabalho infantil. Mulheres negras são as que mais sofrem com a violência doméstica e sexual e a juventude negra continua sendo alvo preferencial das polícias militares e civis.
Ao mesmo tempo percebe-se a resistência cada vez maior das forças conservadoras e racistas em impedir avanços de direitos da população negra. Em São Paulo o próprio governador José Serra já explicitou seu posicionamento contrário às políticas públicas para negras/os.
Negras/os e brancas/os pobres pertencem a uma só classe: a classe trabalhadora. No entanto, sofrem de maneira diferente as contradições desse sistema, seja por via do racismo, do machismo ou da exploração econômica.
A luta contra o racismo deve ser permanente e militante. Sabemos que o racismo serve como ferramenta de manutenção da concentração de renda e do poder. Lembramos as palavras de Malcon-X: “Enquanto houver capitalismo haverá racismo”.
Chamamos a população negra a se organizar junto aos movimentos de luta que atendam de fato suas reivindicações e dificuldades de seu cotidiano. Junte-se a nós!
· O povo negro não vai pagar pela crise! Que a burguesia racista pague pela crise;
· Pela aprovação da Lei de Cotas para negras/os nas Universidades Públicas Estaduais;
· Pela transformação do dia 20 de novembro – dia da consciência negra, em feriado estadual;
· Pela valorização e pelo respeito às mulheres trabalhadoras negras;
· Pela alteração do nome do Metrô Anhangabaú para “Anhangabaú-Zumbi dos Palmares”, já que este local (Ladeira da Memória), durante anos serviu como mercado de venda de escravos;
· Pela retirada imediata das tropas brasileiras do Haiti.