(Pronunciamento do deputado Ivan Valente – Plenário da Câmara – 23/4/09)
“Sr. Presidente, Srs. Deputados, ocupo a tribuna neste momento para comentar duas matérias publicadas hoje no jornal O Estado de S.Paulo.
O primeiro diz o seguinte: Ruralista quer impeachment no Pará. A Presidenta da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), Senadora Kátia Abreu, quer intervenção federal no Pará e pretende criminalizar todos os movimentos sociais, particularmente o movimento dos sem-terra.
A manchete de baixo é a seguinte: STJ solta réu do caso Dorothy. Ou seja, quem assassinou a freira Dorothy Stang está em liberdade.
O que ninguém divulga — é impressionante o que está acontecendo! — é de quem é a fazenda no Pará, no Município de Xinguara, onde houve, esses dias, um conflito.
A quem pertence a Fazenda Castanhais? Pertence — vou colocar em letras garrafais — à Agropecuária Santa Bárbara, do grupo do banqueiro Daniel Dantas.
Por isso a Senadora Kátia Abreu quer a intervenção no Pará. Por isso quer a defesa inconteste da propriedade privada. E quer, ainda, que sejam cumpridos todos os mandados de desocupação. Ou seja, ela quer que se repita o Massacre de Eldorado dos Carajás, por conta do qual, passados 12 anos, não há ninguém na cadeia. Houve 165 indiciados, 2 condenados, e não há ninguém na cadeia.
Por isso, Sr. Presidente, queremos, desta tribuna, dizer que existe um enorme cinismo na cobertura feita pelos grandes meios de comunicação. Noticiam que jornalistas foram usados como escudos etc., mas as cenas divulgadas mostram claramente, do lado de cá, pistoleiros contratados, seguranças particulares, com armamento pesado, atirando. E ninguém diz nada! Ninguém diz nada!
Ora, isso é assunto para ser tratado pela Força Pública, e não pela força privada! É preciso haver imediata intervenção de desarmamento de capangas de fazendeiros!
O que é preciso ser feito neste País é uma reforma agrária! Reforma agrária já! Caso contrário, os conflitos no Pará vão continuar! São milhares os mortos, e a esmagadora maioria deles está do lado dos trabalhadores rurais sem terra.
Por isso, manifestamos a nossa solidariedade aos sem-terra e o nosso desejo de que se faça a reforma agrária neste País. Esta é a necessidade que há no Brasil, Sr. Presidente.”