Comissão formada por trabalhadores da Embraer e pelo líder do PSOL, deputado Ivan Valente foi recebida pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva para tratar das demissões de mais de 4,2 mil funcionários da empresa de aviação. Na opinião de Ivan Valente, o governo federal, caso queira, tem meios de interceder para a solução do problema. A comissão cobrou medidas práticas nesse sentido, o presidente Lula se comprometeu a interceder e falar com a direção da Embraer para que a empresa estabeleça uma mesa de negociações com o sindicato, com o objetivo de reverter a situação.
No dia 19 de fevereiro, a EMBRAER anunciou a demissão de 4270 trabalhadores, 20% de sua força de trabalho. Essas demissões, uma das maiores de uma empresa privada na história do país, atingiram diretamente milhares de famílias principalmente em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, São Paulo. Ocorreram antes do carnaval e geraram manifestações de indignação e reprovação tanto da sociedade, quanto das organizações dos trabalhadores.
Na reunião, Ivan Valente cobrou uma atitude mais enérgica por parte do presidente, “a mesma vontade política que despeja recursos para bancos e montadoras deve ser usada agora para resolver o problema das demissões.” Ivan também cobrou o fato da Embraer ser uma das empresas, mesmo depois de privatizada, que mais recebe financiamento público, no entanto, não se compromete a manter os empregos e faz demissão em massa.
O presidente Lula informou ao deputado Ivan Valente, ao representante da Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha, ao presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Adilson dos Santos, e a trabalhadores demitidos que solicitou à Presidência um estudo sobre a situação da Embraer e proposta de recuperação dos postos de trabalho. “Vamos trabalhar para que a Embraer volte a produzir e retome os empregos”. O presidente disse ainda que acredita que a justiça mantenha a decisão, concedida por liminar, que suspendeu as demissões.
Segundo o representante da Conlutas não há motivo para as 4.270 demissões já que a Embraer possui R$ 3,6 bilhões em caixa. Ele disse ao presidente Lula, que na semana seguinte às demissões, ocorrida no dia 19 de fevereiro, os trabalhadores chegaram a fazer hora extra.
Para o deputado Ivan Valente, a interferência do presidente Lula no caso tende colaborar com a luta dos trabalhadores demissionários ou não. “A situação é de emergência. E o governo federal pode muito interceder. O que não pode é os trabalhadores pagarem pela crise econômica”.
Em seguida a comissão foi recebida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer. Ele informou que serão formadas algumas comissões para tratar da crise mundial e uma, especialmente, tratará da questão dos empregos.
Antes das reuniões, os trabalhadores da Embraer realizaram uma manifestação na Praça dos Três Poderes. A deputada Luciana Genro (RS) disse que a crise econômica mundial não pode ser paga pelos trabalhadores. Ela lembrou do Projeto de Lei 4526/2008, de sua autoria, que proíbe as demissões sem justa causa por seis meses e afirmou que não estão sendo cumpridas normas da Organização Internacional do Trabalho. “Mais demissões só geram mais crises”.
Para o deputado Chico Alencar, a situação atual da economia mundial está tendo reflexo com a “perversidade das demissões”, que é sentida pelos trabalhadores. Ele destacou ainda que a necessidade da Embraer voltar a ser “estatal, democrática e popular”.
Para o senador José Nery, deve ser garantido o direito fundamental ao trabalho e à remuneração justa para sobrevivência com dignidades. Ele citou que o senado instalou ontem uma comissão de acompanhamento da crise econômica.
“O Congresso Nacional não pode ficar à parte desta situação”, completou Ivan Valente. O deputado informou que na próxima semana será apresentado na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara requerimento, em parceria com a deputada Manuela D’Ávila, para realização de audiência pública com participação de representantes da Embraer, do sindicato dos trabalhdores, centrais sindicais e Ministério do Trabalho.
Do Site da Liderança do PSOL