Os movimentos sociais e as centrais sindicais estão convocando um ato unitário em todo o país para o dia 30 de março. O mote é: os trabalhadores não podem pagar pela crise. Na cidade de São Paulo, a concentração vai acontecer na Av. Paulista a partir das 10 horas. O PSOL considera central a realização de atos unificados como esse e conclama o conjunto de seus militantes ao engajamento de forma plena na preparação e mobilização do dia 30 de março.
Baixe aqui o panfleto unificado do Ato
A crise econômica já deu provas claras da sua profundidade e impacto junto aos trabalhadores e o povo pobre. De novembro para cá foram mais de 800 mil demissões. Caiu a produção industrial, as vendas no comércio e aumentou os índices de inadimplência. A dívida interna saltou em87 bilhões de reais nos últimos dois meses de 2008, hoje atinge a cifra de 1,7 trilhão de reais. Por outro lado, o governo Lula insiste em dizer que não é com ele, que o país está protegido e que o pior já passou.
A postura do governo Lula é de uma irresponsabilidade sem tamanho, se agora não forem tomadas medidas concretas e de grande alcance para enfrentar a crise, as conseqüências futuras para os trabalhadores e o povo brasileiro podem ser incalculáveis, milhões de pessoas podem ser jogadas na miséria nos próximos meses. Todas as políticas de assistência à pobreza, como o Bolsa-Família, pode ter seus parcos efeitos apagados por uma crise que consome o emprego, diminuí o acesso ao crédito e compromete o poder de compra dos trabalhadores.
Para enfrentar a crise é preciso tomar medidas que enfrentem os interesses dos banqueiros e dos grandes especuladores. É preciso começar por uma queda radical nas taxas de juros, por centralização do câmbio e controle do fluxo de capitais. É preciso tomar medidas que de fato protejam os trabalhadores, garantindo que ninguém seja mandado embora sem justa causa, ampliar o seguro desemprego, isentar os trabalhadores desempregados de taxas de água, energia elétrica e subsidiar o transporte coletivo. Também é vital que se aumente os investimentos públicos, num momento de crise, o Estado precisa intervir e garantir mais investimentos nas áreas sociais como educação, saúde, moradia e obras de infra-estrutura. Assim como o combate à especulação financeira, que passa por uma auditoria da dívida pública que hoje consome cerca de 47% do orçamento público com o pagamento de juros, amortizações e rolagem da dívida.
O governo Lula além de não tomar medidas para enfrentar de fato a crise econômica, ainda socorre banqueiros, donos de montadoras e empreiteiros. Recentemente o Banco do Brasil desembolsou 4,6 bilhões para comprar 49% das ações do Banco Votorantim, quebrado após especular com o preço do dólar, mas manteve o controle acionário nas mãos dos donos do banco, ou melhor, na mão de Antonio Ermírio de Moraes. Assim como isentou os bancos da cobrança do depósito compulsório e estes, ao invés de diminuir os juros cobrados dos clientes, preferiram especular com os títulos da dívida pública, afinal, continuamos com a maior taxa de juros do planeta.
Apesar dos ataques e chantagens dos patrões os trabalhadores brasileiros estão resistindo. Em várias partes do país atos, greves e manifestações acontecem em defesa do emprego e contra a chantagem de redução dos direitos. Os petroleiros acabam de iniciar uma greve nacional em defesa da manutenção e ampliação de direitos e na garantia dos postos de trabalho. O dia 30 de março pode ser um grande momento de unificação destas lutas, servindo para ampliar as mobilizações em todo o país.
Em todo o mundo os trabalhadores se levantam. Na França, uma greve geral sacudiu aquele país na semana passada, até nos EUA já houve greve com ocupação de fábricas, sem contar os levantes na Islândia, Irlanda, Estônia e Grécia. Agora chegou a hora dos trabalhadores brasileiros darem o troco. Todo apoio e mobilização para os atos unificados de 30 de março.
Veja abaixo a convocatória unificada do Ato:
Trabalhadores e trabalhadoras não pagarão pela crise
O Brasil vai às ruas na próxima segunda-feira, 30 de março. Os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade estarão unidos contra a crise e as demissões, por emprego e salário, pela manutenção e ampliação de direitos, pela redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução de salários, pela reforma agrária e em defesa dos investimentos em políticas sociais.
A crise da especulação e dos monopólios estourou no centro do sistema capitalista, os Estados Unidos, e atinge as economias menos desenvolvidas. Lá fora – e também no Brasil -, estão sendo torrados trilhões de dólares para cobrir o rombo das multinacionais, em um poço sem fim, mas o desemprego continua se alastrando, podendo atingir mais 50 milhões de pessoas.
No Brasil, a ação nefasta e oportunista das multinacionais do setor automotivo e de empresas como a Vale do Rio Doce, CSN e Embraer, levaram à demissão de mais de 800 mil trabalhadores nos últimos cinco meses.
O povo não é o culpado pela crise. Ela é resultante de um sistema que entra em crise periodicamente e transformou o planeta em um imenso cassino financeiro, com regras ditadas pelo “deus mercado”. Diante do fracasso desta lógica excludente, querem que a classe trabalhadora pague a fatura em forma de demissões, redução de salários e de direitos, injeção de recursos do BNDES nas empresas que estão demitindo e criminalização dos movimentos sociais. Basta!
A precarização, o arrocho salarial e o desemprego enfraquecem o mercado interno, deixando o país vulnerável e à mercê da crise, prejudicando fundamentalmente os mais pobres, nas favelas e periferias. É preciso cortar drasticamente os juros, reduzir a jornada sem reduzir os salários, acelerar a reforma agrária, ampliar as políticas públicas em habitação, saneamento, educação e saúde, e medidas concretas dos governos para impedir as demissões, garantir o emprego e a renda dos trabalhadores.
Manifestamos nosso apoio a todos os que sofreram demissões, em particular aos 4.270 funcionários da Embraer, ressaltando que estamos na luta pela readmissão.
O dia 30 também é simbólico, pois nesta data se lembra a defesa da terra Palestina, a solidariedade contra a política imperialista do Estado de Israel, pela soberania e auto-determinação dos povos.
Com este espírito de unidade e luta, vamos construir em todo o país grandes mobilizações. O dia 30 de março será o primeiro passo da jornada. Some-se conosco, participe!
NÃO ÀS DEMISSÕES!
REDUÇÃO DOS JUROS!
REDUÇÃO DA JORNADA SEM REDUÇÃO DE SALÁRIOS E DIREITOS!
REFORMA AGRÁRIA, JÁ!
POR SAÚDE, EDUCAÇÃO E MORADIA!
EM DEFESA DOS SERVIÇOS E SERVIDORES PÚBLICOS!
SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO!
Ato Internacional Unificado Contra a Crise
Organizadores:
ASSEMBLÉIA POPULAR, CEBRAPAZ, CGTB, CMB-FDIM, CMS, CONAM, CONLUTAS, CONLUTE, CTB, CUT, FORÇA SINDICAL, INTERSINDICAL, MARCHA MUNDIAL DE MULHERES, MST, MTL, MTST, NCST, OCLAE, UBES, UBM, UGT, UNE, UNEGRO/COMEN, VIA CAMPESINA