O Movimento Brasil Livre, liderado por Kim Kataguiri, Arthur do Val e Renan dos Santos, entrou numa profunda crise após declarações desastrosas de duas de suas principais lideranças.
O primeiro caso ocorreu quando o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) disse, em entrevista ao Flow Podcast em fevereiro, que a Alemanha errou ao criminalizar o partido nazista. A fala veio no bojo de uma discussão da qual participava o ex-Youtuber Monark, que havia dito antes que os nazistas deveriam ter direito a um partido reconhecido pela lei. Kim recebeu uma enxurrada de críticas, em especial da comunidade judaica, e agora enfrenta a possibilidade real de sua cassação depois de abertura de investigação por apologia ao nazismo perpetrada pela Procuradoria-Geral da República e acionamento, pelo PT, do Conselho de Ética da Câmara para apurar o fato.
O segundo caso foram os áudios vazados do deputado estadual Arthur do Val/Mamãe Falei (sem partido) em que ele afirma que as mulheres ucranianas são “fáceis porque são pobres”. Arthur teria viajado ao país para supostamente oferecer ajuda humanitária à população que enfrenta a invasão da Rússia. Agora, o deputado enfrentará mais de uma dezena de pedidos de cassação na Assembleia Legislativa paulista, tendo sido obrigado a retirar sua pré-candidatura ao governo do Estado e desfiliado do PODEMOS.
Como diz o ditado: o peixe morre pela boca. Kim, Mamãe Falei e seus correligionários cresceram em popularidade na base das ofensas, do cancelamento de oponentes e de discursos misóginos, homofóbicos e excludentes. Agora, depois da viralização de suas declarações revoltantes, estão enfrentando esse mesmo cancelamento. Entretanto, há um ponto importante: o MBL é apenas uma sombra do que já foi. Depois de ter se alinhado a Temer, Bolsonaro e a Moro, o movimento perde cada vez mais força e influência, pois mostrou ser farinha do mesmo saco da velha política. Um termômetro disso é que as últimas manifestações convocadas por esse movimento não tiveram qualquer repercussão e, em algumas, juntaram menos de 50 pessoas. Os escândalos de Kim e Arthur só vieram afundar mais o barco.
A crise é tão grande que Renan dos Santos, em live realizada ontem (09/03), começou a berrar desesperado aos seus seguidores para que se movimentassem contra a cassação de Arthur. Apesar da situação vexatória, a cara de pau do MBL é tão grande que o autor das falas contra as ucranianas enviou carta aos parlamentares da ALESP implorando para não ser cassado. Para ele, exaltar possíveis vantagens sexuais oriundas da miséria da guerra não é motivo para perda de mandato. O mesmo movimento é feito por Kim, que articula para não ser excluído da Câmara. Para o deputado federal, defender a legalidade de um partido nazista não é apologia ao nazismo. Parece uma brincadeira de mau gosto. O PSOL segue firme pedindo a cassação dos dois parlamentares.