A anulação dos processos fraudulentos contra Lula e a volta da sua elegibilidade geraram um fator de forte influência não apenas para a eleição de 2022, como também para a luta política em 2021.
O resultado de diversas pesquisas de opinião tem apontado um cenário de polarização eleitoral entre Lula e Bolsonaro para 2022.
Lula tem despontando como favorito e Bolsonaro, por sua vez, tem mantido uma parcela fiel de 25%, que não diminui.
A consolidação dessa polarização deixaria inviável a constituição de uma terceira via capitaneada pela chamada direita liberal no Brasil.
Esse setor vai se movimentar em busca de protagonismo, o que passa por tentar tirar um dos polos da disputa. Há duas alternativas para eles, nenhuma delas de fácil realização.
Uma é arquitetar um novo golpe contra o Lula para torná-lo inelegível. Não é algo impossível de acontecer, mas a situação é diferente daquela de alguns anos atrás. Há menos margem de manobra no judiciário após as decisões do STF, e o clima político é bem mais favorável a Lula do que antes.
Outra alternativa para eles seria optar por destruir o outro polo e embarcar no impeachment de Bolsonaro, o que poderia reembaralhar o cenário eleitoral.
No entanto, para avançarem nesse sentido, precisam do sinal verde da alta burguesia que ainda não rompeu com o presidente, mas pode vir a fazer, a depender da evolução das crises econômica e sanitária, de novas denúncias contra Bolsonaro, assim como de uma ainda incerta volta das mobilizações de rua.
E o PSOL?
Cabe ao PSOL somar forças para tirar Bolsonaro do governo, seja pelo seu impeachment, o mais breve possível (que seria o melhor cenário porque sua permanência no governo gera morte aos milhares), seja por uma disputa eleitoral.
Esse é o nosso maior objetivo no momento, somado à nossa luta por vacinação universal e auxílio emergencial.
Em segundo lugar, devemos unificar a esquerda para impedir que Bolsonaro seja substituído pela terceira via, a direita liberal.
Superadas essas etapas, entraremos num outro cenário, o de disputa por direitos sociais, por redução das desigualdades e por soberania nacional, o que não é possível com um programa que não realize reformas estruturais de interesse popular.
Para chegar lá, no entanto, há muito o que percorrer. Para isso, temos primeiro de vencer a luta pela sobrevivência, que nunca foi tão literal. Fora Bolsonaro!
Matheus Lima – presidente do PSOL SP
27 de abril de 2021