Greve iniciada na terça-feira (18) já atinge 5.132 agências no país. Apesar dos lucros bilionários, bancos oferecem apenas 0,58% de aumento real a seus funcionários. Ganhos são engordados pelos juros altos, que se mantêm apesar da contínua redução da selic, como revela pesquisa divulgada pelo Procon de São Paulo.
Da Redação da Carta Maior
São Paulo – Os trabalhadores do setor bancário iniciaram nesta terça-feira (18) uma greve nacional por tempo indeterminado. Eles reivindicam aumento real nos salários, participação nos lucros e resultados maior, elevação dos pisos, mais segurança nas agências e contração de funcionários.
Um balanço feito no final do dia pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), entidade filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT) que reúne sindicatos de vários Estados, apontava o fechamento de 5.132 agências e centros administrativos dos bancos em 26 Estados e no Distrito Federal.
Em São Paulo, o sindicato estima que 13 mil trabalhadores aderiram à paralisação. “A categoria lamenta a falta de comprometimento dos banqueiros, que têm condições de propor reajuste adequado aos trabalhadores, mas preferiram forçar a greve”, disse Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
“Fizemos nove rodadas de negociação com a federação dos bancos e eles foram irredutíveis no reajuste de 0,58%, bem abaixo da média oferecida pelas categorias que fecharam acordo no primeiro semestre, que têm rentabilidade bem inferior aos bancos”, apontou ela. Os bancários pedem 5% de reajuste real, ante os 0,58% oferecidos.
Em nota, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) criticou a greve. “É ruim para o bancário, para o banco e para a população, que já foi muito incomodada pela onda de greves dos funcionários públicos e não merece ser mais incomodada com uma paralisação dos bancários”, afirmou em nota o diretor de relações do trabalho da federação, Magnus Ribas Apostólico.
Juro alto
A greve de seus funcionários não foi o único problema “enfrentado” pelos bancos nesta terça-feira. Uma pesquisa do Procon de São Paulo revelou que as instituições financeiras não repassaram aos clientes a última queda da Selic, anunciada em 29 de agosto pelo Banco Central. Na ocasião, a taxa foi cortada em 6,25%, de 8% para 7,5%.
O Procon revela, porém, que a taxa média do empréstimo pessoal caiu apenas 0,37%, de 5,39% ao mês para 5,37%. A taxa média do cheque especial também caiu pouco, apenas 0,25%, de 8,03% ao mês para 8,01%. Foram coletados dados de Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Econômica Federal, HSBC, Itaú, Safra e Santander. Um dado curioso é que BB e Caixa não reduziram as taxas, que, na média, já são mais baixas que as de instituições privadas.
No entanto, o Procon ressalta que não pode tomar nenhuma atitude contra os bancos, cujas taxas de juro são regidas pelas leis do mercado. “O consumidor deve continuar planejando o seu orçamento e não contrair empréstimos sem o devido cuidado. Se realmente for necessária, a contratação de crédito deve ser planejada e as parcelas do empréstimo devem ser computadas no orçamento, de modo que não inviabilize o pagamento de outras despesas”, limita-se a aconselhar a entidade.