O filme assunto deste artigo mostra que a Marinha do Brasil deflagrou guerra na região da Baia de Aratu (BA) a um grupo de famílias negras descendentes de escravos que vivem ali antes da chegada da marinha. Hoje constitue mais de 50 famílias reconhecido pela Fundação Cultural Palmares como remanescente de quilombo.
O filme denuncia flagrantes desrespeitos aos direitos humanos fundamentais. Entre os moradores há pessoas com mais de 100 anos que nasceram no mesmo local onde vivem até hoje. Só que agora sob regime de tensão e violência, aterrorizados: garantem que passam a noite acordados com medo de morrer (soldados passeiam a noite toda pelas suas roças) e tem medo de sair pois quando voltar poderão encontrar a casa derrubada.
O acesso à comunidade é controlado pelo portão de entrada da Vila Militar, um condomínio de residências de sub-oficiais da Marinha; e os conflitos vêm, sobretudo, com a construção desta Vila, a partir de 1971. As famílias da área foram removidas e desalojadas. Hoje estão proibidas de plantar e sendo expulsas da área.
O Quilombo, que tem cerca de 200 anos, já foi reconhecido pela Fundação Palmares, mas está em terras da União que na década de 1960 foram entregues à Marinha. Agora, em lugar de reconhecer seus direitos e conviver pacificamente com a Comunidade, os militares da Base de Aratu vem tentando expulsa-los de todas as formas, pela lei e pela violência, cerceando seus direitos de ir e vir, invadindo suas casas e destruindo suas plantações.
A comunidade conseguiu na Justiça prazo até 4 de março para regularizar sua situação, mas a Marinha impede a entrada dos funcionários do INCRA que devem demarcar o território do Quilombo desde o dia 6 de dezembro. Sem a demarcação, a titulação não pode ser concedida. E a Marinha está claramente apostando no fim do prazo, para tentar novamente efetivar a expulsão da comunidade.
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