Um dos principais objetivos é questionar as condições para a participação em programas habitacionais, como do governo federal, que exigem renda de três salários mínimos
Jorge Américo,
Radioagência NP
Aproximadamente duas mil famílias ocuparam dois prédios abandonados na região central de São Paulo (SP) e um terreno localizado no M’Boi Mirim, na Zona Sul, na madrugada desta segunda-feira (26). Enquanto isso, outro grupo organizou um acampamento nas proximidades da Prefeitura para denunciar a falta de moradias na cidade.
Carmen da Silva Ferreira, integrante da Frente de Luta por Moradia, revela que um dos principais objetivos é questionar as condições impostas para a participação em programas habitacionais, como o do governo federal, que exige uma renda de três salários mínimos para entrar nas linhas de financiamento.
“Será que uma pessoa que paga 500, 600 reais de aluguel num quartinho espremido não teria condições de comprar sua casa própria? Não fazemos luta para pedir nada de graça. A gente quer pagar sim, mas dentro das nossas possibilidades.”
Ela acredita que o problema não se justifica pela demora na construção de novas unidades, pois há muitos espaços que podem ser adaptados e transformados em moradias populares, como o prédio do Instituto Nacional de Seguridade Social, que também foi ocupado e tem potencial para abrigar 450 famílias.
“No centro de São Paulo existem 450 mil imóveis vazios. São casarões, terrenos, fábricas e prédios desativados, como esse do INSS. Enfim, basta ter vontade política.”
Em nota divulgada à imprensa, o movimento defende que o crédito imobiliário seja repassado de forma direta à população e não transferido para os estados e municípios. Somente na cidade de São Paulo, pelo menos 10 mil famílias aguardam ser contempladas nos programas existentes.