Fora Sarney!
O país assiste estarrecido a mais um escândalo. Agora é o Senado Federal que tem sido palco de maracutaias, atos secretos, apadrinhamento político e todo tipo de desvios e malversação do dinheiro público.
Este escândalo acontece em meio à maior crise econômica das últimas décadas, quando a população está apreensiva quanto ao futuro, às suas condições de trabalho e renda e milhões vivem sob a triste realidade do desemprego.
O PSOL defende a mais ampla e completa investigação sobre a máfia que tomou conta do Senado. Todos os atos secretos, contratos, nomeações, terceirizações, contas paralelas e outros negócios escusos praticados naquela Casa nos últimos anos precisam ser rigorosamente apurados e os responsáveis punidos.
Não é possível aceitar mais este escândalo. Não é possível aceitar que o Presidente do Senado, José Sarney, seja protegido pela maioria dos seus pares, a quem não interessa que haja investigação.
Sarney declarou que a crise é do Senado e não dele. Mas Sarney encarna a própria crise e não tem condições morais de continuar à frente daquela instituição. Sarney representa as oligarquias regionais, o coronelismo – aquilo que no passado se aliou à ditadura e hoje representa o fisiologismo –, o que há de mais atrasado e truculento na política brasileira.
O senador do PSOL José Nery já está colhendo assinaturas pela instalação de uma CPI para investigar a Máfia do Senado e os atos secretos. Entendemos que só uma CPI, com plenos poderes de investigação, pode ser o instrumento capaz de apurar as falcatruas e punir os responsáveis. Outros meios, como sindicância ou investigação externa, correm o risco de serem barrados por aqueles que querem fazer vistas grossas aos problemas e esconder a sujeira pra debaixo do tapete.
O PSOL vai entrar também com uma representação no Conselho de Ética contra Sarney e outros senadores envolvidos em casos de corrupção.
Para que haja apuração de fato do ocorrido e os responsáveis sejam punidos é necessário pressão popular. Só com a manifestação da indignação de milhões será possível promover as mudanças necessárias na política brasileira. Só desta forma é possível combater a corrupção no governo federal, no governo estadual de José Serra (compras sem licitação, favorecimento à editora Abril, superfaturamento do Rodoanel, propina nos contratos com a Alstom, fraudes na compra de produtos hospitalares etc) e no Legislativo.
Entendemos também que o combate à corrupção deve se estender aos grandes mecanismos que transferem dinheiro público aos banqueiros, especuladores e agiotas. Por isso, defendemos a instalação imediata da CPI da Dívida Pública. Esta CPI está pronta para ser instalada, esperando apenas a indicação de todos os partidos para começar a funcionar na Câmara dos Deputados.
Diante dos escândalos que se sucedem no país, cai a popularidade do Parlamento e aumenta o descrédito nas instituições democráticas. Este é um risco muito grave, ao qual todos devemos estar alertas. Interessa ao Poder Executivo, no caso ao governo Lula, e principalmente ao poder econômico e à grande mídia que o Parlamento esteja desacreditado. Assim fica mais fácil aprovar leis que atendam aos interesses dos grandes grupos econômicos.
O PSOL entende que a democracia é uma conquista do povo brasileiro e deve ser incontestavelmente defendida. Cabe punir os corruptos, combater os privilégios e as tentativas de afastar o povo da vida política do país, e lutar por meios que promovam a participação popular e o controle público sobre as instituições democráticas. Por isso, o PSOL defende o financiamento público de campanhas e a adoção de mecanismos que de fato assegurem condições mais igualitárias nas disputas eleitorais e ajudem a combater as fontes de corrupção e a promiscuidade dos partidos e candidatos com o poder econômico. Defende também a adoção de formas mais amplas de participação como plebiscitos e referendos.
É o momento de uma campanha pelo Fora Sarney e pela CPI Já ganhar as ruas do nosso país. Que os corruptos paguem por seus atos e que os cofres públicos sejam ressarcidos.