Veja a entrevista com o candidato do PSOL à Prefeitura de Campinas.
O candidato do PSOL à Prefeitura de Campinas, Arlei Medeiros, foi entrevistado ao vivo, nesta quarta-feira (19), no Jornal da EPTV.
Clique aqui para a íntegra, em vídeo, da entrevista com Arlei Medeiros. Abaixo, leia a transcrição das perguntas e respostas.
Luciane Viegas: O senhor estava na última pesquisa Ibope com 1%. Saiu de zero para 1%. O próprio partido do senhor, o PSOL em Campinas, diz que o PSOL não entrou para ganhar eleição, não vai ganhar a eleição. Então, eu gostaria de entender com o senhor o seguinte: a sua campanha é para valer ou não? O senhor está pedindo o voto para o eleitor, sendo que o próprio partido diz que não é para ganhar a eleição?
Arlei Medeiros: O PSOL diz que não é para ganhar a eleição? Eu não me recordo disso. Nós já ganhamos a eleição. Porque o mais importante nessa eleição é trazer para você, eleitor que nos ouve, a possibilidade de uma nova política. A política de forma boa, a política para melhorar e mudar a vida das pessoas. Porque, em Campinas, a política foi envergonhada. Exerceram aqui aquilo que se chama politicagem. Transformaram a política numa máquina de fazer negócios escuros e privados, de interesse de alguns. Por isso foi montada uma quadrilha em Campinas. Então, o pessoal vem para a política falando de financiamento de campanha, e quem recebe dinheiro das empreiteiras, que não fazem caridade, já fica de rabo preso no início. A gente traz a questão da participação popular porque o dinheiro é seu…
Luciane Viegas: Mas aí, candidato, o senhor está trazendo alguns temas, que são temas importantes, que o PSOL considera para discutir com a população. Mas eu perguntava para o senhor especificamente de ganhar a eleição. Porque quando alguém chega para pedir voto para o eleitor, ele está dizendo: “vote em mim porque eu posso administrar a cidade”. O senhor agora há pouco dizia que não se lembra do PSOL ter falado isto. Isto está em um artigo do PSOL Campinas, que foi uma reunião de março deste ano, quando vocês discutiam uma reunião de sistematização, não é Eduardo?
Eduardo Brambilla: Esse documento foi publicado como conjunto de debates do PSOL de Campinas. Foi publicado no dia 17 do mês de março.
Luciane Viegas: Você tem a frase, inclusive, aí, não é, Eduardo? A frase do partido que diz textualmente que não vai ganhar as eleições.
Eduardo Brambilla: A frase diz o seguinte: “não vamos ganhar as eleições, mas nem por isso vamos radicalizar o discurso. Eleger parlamentares e essa importância também é consenso”. Então está bem claro aqui que a intenção do partido…
Luciane Viegas: É parlamentar e não Executivo
Arlei Medeiros: Então, o PSOL não vai fazer qualquer acordo, não vai fazer coligações que não dizem respeito ao nosso programa, para ter tempo de televisão em nome de ganhar a eleição a qualquer custo. Isso nós jamais vamos fazer. Um exemplo disso é o Edmilson, no Pará, que não fez coligações para aumentar seu tempo de televisão e vai vencer as eleições no primeiro turno com 1 (minuto) e trinta apenas. Sem abrir mão…
Luciane Viegas: Mas no caso do senhor especificamente, candidato?
Arlei Medeiros: No meu caso, eu estou convencido de que eu vou para o segundo turno para poder desmascarar alguns candidatos, que são produto de marketing, que são candidatos montados. Então, eu estou convencido de que em Campinas vai ter eleição no segundo turno e eu vou para o segundo turno com esse candidato porque o povo de Campinas não é bobo. Ele não quer entrar numa aventura dos três candidatos que estão à frente, que um é um candidato montado e nem vai poder tomar posse porque sua chapa está impugnada pelo seu vice; o outro, que é o segundo, também não vai poder tomar posse porque está impugnado…
Eduardo Brambilla: Candidato, vamos falar exclusivamente da sua candidatura. A gente disse para não citar outros candidatos aqui. É uma regra, até, dessa entrevista. Mas, esse documento, que foi publicado no site do PSOL Campinas, diz exatamente o contrário. Aqui, por exemplo, diz que a intenção de vocês é eleger em Campinas de dois a três vereadores. Isso não é nem 10% da Câmara Municipal de Campinas. Como é que o senhor pretende governar com tão poucos vereadores assim, uma representatividade tão pequena na Câmara?
Arlei Medeiros: Esse tema é muito importante. Eleger vereadores é fundamental. Por quê? Porque dos vereadores atuais, que deram aumento para eles mesmo de 126%, 28 estão pedindo votos dos campineiros e não merecem.
Luciane Viegas: Mas, se é fundamental, dois ou três?
Arlei Medeiros: Então, eu vou te explicar. O que a gente chama de nova política, por exemplo? Esse conceito de governabilidade, de ter maioria na Câmara, é dos últimos 20 anos. Nós queremos justamente o contrário. A governabilidade é dada pelo povo, pela participação popular.
Eduardo Brambilla: Mas candidato, vamos explicar o seguinte: a Prefeitura tem os projetos, claro, mas estes projetos têm que ser aprovados pela Câmara. Se o senhor tem uma bancada muito pequena, poucos vereadores lá, como o senhor vai aprovar estes projetos que poderiam até fazer bem para a população?
Arlei Medeiros: Esse é o diferencial nosso. Nós não vamos comprar vereador com A.R., com 40 cargos comissionados como é hoje. Nós queremos a maioria da população de Campinas defendendo seus projetos. Por exemplo, uma vila muito pobre da região de Campinas, que precisa de asfalto, a Vila Esperança, na região do Jardim São Marcos. Eu duvido que se a gente não encher aquela galeria com gente, se a gente não aprova esse projeto. Então, eu quero unidade de governabilidade com o povo de Campinas e não com vereadores que não tem idoneidade para construir a nossa governabilidade. Eu não quero isso, de forma alguma.
Luciane Viegas: Mas quando o senhor fala em governabilidade, aí também já é um programa de governo do senhor e uma defesa do PSOL pelo país inteiro, que é a crítica à Lei de Responsabilidade Fiscal. O senhor fala, inclusive, no seu programa, que vai propor um plebiscito para que a população diga: “olha, não respeite a lei de responsabilidade fiscal”. O que impressiona um pouco é que nós estamos em uma democracia, com três poderes, e o respeito aos três poderes. O senhor está propondo que a população não respeite uma lei, candidato?
Arlei Medeiros: Não. Primeiro, parabéns porque vocês conhecem profundamente nosso programa de governo e é muito importante isso. E é isso, a Lei de Responsabilidade Fiscal é a lei da irresponsabilidade social. Por quê? Porque ela coloca um teto para eu ter servidores públicos contratados, bem pagos, bem remunerados e bem treinados. E me empurra a fazer terceirização. É por isso que tem a picaretagem, a corrupção nessa sociedade de hoje. Porque eu posso contratar uma empresa terceira picareta mal intencionada, e não posso contratar bons servidores. Então, nós vamos sim enfrentar a Lei da Responsabilidade Fiscal. Vamos convidar a população de Campinas a entender isso, a nos ajudar. E eu quero ter muito orgulho que, se for em nome da responsabilidade social, de ser o primeiro político preso do Brasil em nome do povo e do social.
Luciane Viegas: Então o senhor confirmou aqui que está propondo que a população desrespeite uma lei que o senhor não concorda, a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas, por outro lado, o senhor está propondo a municipalização de creches, a municipalização da área de Educação como um todo, transporte, saúde… Como é que vai ser o PSOL, com tudo nas mãos do poder público, tendo que gastar dinheiro público desse jeito, nesses setores, e não ter sequer uma lei para dizer: “Opa, vocês estão gastando mais do que deveriam”?
Arlei Medeiros: Por isso que nós somos contra a Lei da Responsabilidade Fiscal. Porque, se eu for a favor, não dá para eu fazer tudo isso. Nosso programa tem coerência. Ele tem uma lógica. Nossas propostas são viáveis. Talvez você está querendo dizer que eu vou ter muito controle nas minhas mãos. Não. Muito pelo contrário. Porque eu vou dar caráter deliberativo em todos os conselhos dessa cidade.
Luciane Viegas: Não. De quebrar a Prefeitura com tantos gastos e não ter uma lei para controlar isso.
Arlei Medeiros: Não. A Prefeitura não vai quebrar. Ela tem muito dinheiro, ela tem potencial. Quebra hoje, que pelo menos 15%, 20% da Prefeitura é desviado na vala da corrupção. Na nossa gestão, cada centavo vai ser controlado por você, eleitor de Campinas, você, morador de Campinas. Então, nós não vamos quebrar. Muito pelo contrário, porque é o povo que vai controlar e fiscalizar.
Eduardo Brambilla: Candidato, outro ponto polêmico que o senhor tem dito em entrevistas. Até em uma entrevista recente, o senhor disse que não vai tolerar o barulho dos aviões, os aviões que passam pelo Aeroporto de Viracopos, que vai discutir isso com o governo federal. Agora, a gente mostrou, justamente essa semana, que há projetos de ampliação do aeroporto, novos investimentos. Como é que o senhor, como prefeito, vai evitar esse crescimento do movimento dos aviões, de fazerem barulho na cidade? O senhor, como prefeito, tem autonomia para isso?
Arlei Medeiros: A autonomia do prefeito, ela é limitada ao município. Mas eu tenho atitude política.
Eduardo Brambilla: Mas o senhor acha que o governo federal vai aceitar isso?
Arlei Medeiros: O Toninho, quando era prefeito, se enfrentava com a guarda do governo tucano, com a Polícia Militar, quando tinha uma injustiça. Eu presenciei isso várias vezes. Eu sou um dirigente político. O prefeito é uma liderança.
Luciane Viegas: Mas mesmo que o senhor possa, candidato…
Arlei Medeiros: Nós vamos enfrentar. Hoje os aviões estão fazendo a curva antecipada em cima de Campinas, em cima dos prédios. Isso é um absurdo.
Luciane Viegas: Mas, candidato, para onde vai o Aeroporto de Viracopos?
Arlei Medeiros: Campinas não é quintal. A gente vai ter o controle de Campinas. E, quando eu digo “a gente”, é o povo de Campinas. Nós vamos se enfrentar com o governo federal e defender os interesses de Campinas.
Luciane Viegas: Mas faz o quê com Viracopos se não pode ter avião?
Arlei Medeiros: Eu não disse em momento nenhum que não pode ter avião.
Luciane Viegas: Não naquela região…
Arlei Medeiros: Eu disse que ele não precisa virar em Campinas. Viracopos é importantíssimo para Campinas Tão importante quanto foi a estação ferroviária no início do século 20. O que nós queremos é que Campinas não seja um figurante, que não tenha papel… Não! Campinas é importante. Campinas vai ter atitude e decisão nesse processo. E é isso que nós queremos re-estabelecer. O povo de Campinas tem que mandar em Campinas novamente.